CAPÍTULO IV

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Velkan olhou pela janela de sua diminuta carruagem pela terceira vez em menos de uma hora — chamar o cubículo de madeira de carruagem a ser um baita elogio — e espiou a mulher que cavalgava tranquilamente ao seu lado

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Velkan olhou pela janela de sua diminuta carruagem pela terceira vez em menos de uma hora — chamar o cubículo de madeira de carruagem a ser um baita elogio — e espiou a mulher que cavalgava tranquilamente ao seu lado. Seus olhares se cruzaram por um segundo ele fechou a cortininha, recuando o corpo no assento.

A viagem de Bucareste a Pitești levaria umas seis horas, talvez até um pouco mais considerando a escolha de Velkan de viajar em uma carruagem. Alugar um cavalo teria sido melhor, mas ele morria de medo dos bichos ou de qualquer criatura com cascos, além disso, também precisava de mais espaço para levar o seu equipamento, e optou por uma viagem mais cara. À princípio não foi de todo ruim porque ele pôde ir escrevendo seus sonetos em paz, inspirado pelas belas paisagens que vira ao longo do dia, mas devia ter adivinhado que uma carruagem solitária no meio da floresta teria chamado a atenção de ladrõezinhos de beira de estrada. Velkan teria conseguido lidar com o assalto sozinho, não era um exemplo de lutador, mas sua licantropia oferecia-lhe certa vantagem física sobre os humanos, o problema foi que a Caçadora apareceu.

Velkan tinha acabado de arremessar um dos homens a uns cinco metros quando uma lâmina pequena e curva atravessou seu campo de visão e acertou um dos ladrões bem no ombro. Mihaela Stefan surgiu por entre as árvores como se fosse um anjo da morte: usava preto da cabeça aos pés e um capuz estava puxado sobre a sua cabeça. Mesmo àquela distância, ele podia ver os olhos azuis e eletrizantes da moça. Antes mesmo de perceber que era uma das caçadoras do Vaticano, Velkan já tinha recuperado sua postura de civil amedrontado e vulnerável.

Os ladrões saíram correndo e ela se aproximou dele.

— O senhor está bem?

— Sim, obrigado. — Ele passou a mão pelos cabelos escuros. — Eu devia ter previsto que algo assim aconteceria.

— É sempre bom nos prevenirmos. — Ela rodou uma de suas lâminas entre os dedos antes de guardá-la no cinto. — Aonde está indo, senhor...?

— Velkan Stoica. — Ele disse, oferecendo a mão para que a mulher apertasse.

— Mihaela Stefan — ela se apresentou.

— Estou indo para o vilarejo de Pitești visitar um velho amigo, eu moro em Bucareste. — Disse, tentando soar despreocupado.

— Hum. — Mihaela assentiu levemente e o encarou como se tentasse tomar uma decisão.

Velkan engoliu em seco. Será que ela sabia que ele era um lobisomem? Ou então suspeitava? Rohan já lhe contara uma vez sobre os caçadores, dissera que eram homens e mulheres impiedosos, treinados para matar qualquer um que não entendessem ou que o Vaticano entendesse como não humano. Havia alguma forma pela qual Mihaela poderia saber sobre ele assim, logo de cara? Provavelmente não. Era melhor que ele apenas mantivesse a calma e conduzisse a situação com cautela.

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