CAPÍTULO III

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Sorina fez uma careta sutil para a massa que Dragomir passava sobre seu braço

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Sorina fez uma careta sutil para a massa que Dragomir passava sobre seu braço. A textura daquela mistura era asquerosa, e tinha um cheiro muito forte que ela não sabia identificar do quê. E o cheiro ficava especialmente pior naquela sala fechada dentro da montanha que os protegia do sol lá fora.

— Você acha que isso vai funcionar mesmo?

Finalmente acostumada com o cheiro, a feição dela relaxou e ela observou, com uma mão apoiando sua cabeça, o seu criador espalhar aquela massa pastosa por metade de seu braço.

— Não podemos colocar a carroça na frente dos bois. Não sei. Ждать. Paciência.

— Tudo bem.

    Sorina olhou ao redor. Apesar do quarto estar lotado de pesquisas, anotações, béqueres e todo tipo de aparato científico — que, sinceramente, Sorina não estava interessada em descobrir os nomes — ainda assim conseguia estar organizado ao extremo, além de muito, muito limpo.

    Plaft. Um béquer se espatifou no chão, e a única culpada por isso fora Bastet, a gata. Os ombros de Dragomir se ergueram com o barulho e ele estralou o pescoço dos dois lados antes de pegar uma pá e uma vassoura para limpar a bagunça. A felina, por sua vez, lambeu a própria pata arrogantemente.

    — Нет. Não.

    Sorina ignorou aquele murmúrio, já conhecia o homem há tempo o suficiente para saber quando ele falava com as vozes em sua cabeça e não com ela. Após alguns instantes, o vidro no chão já havia sido completamente limpo e Dragomir voltou a atenção para o braço de Sorina, esfregando mais daquela pomada que supostamente deveria a proteger do sol.

    — Как вы думаете, почему Дракула попросил меня это сделать?

    Sorina arqueou a sobrancelha, porque daquela vez ele estava, sim, falando com ela. Dragomir notou a confusão e repetiu:

— Por que acha que o Drácula me incumbiu disso?

    O Conde Drácula, a quem Dragomir pessoalmente não gostava muito de encontrar, veio até ele outro dia e o pedira — em um tom que mais soava como uma ordem — que ele pesquisasse maneiras de imunizar vampiros contra suas fraquezas, em específico o sol e a mordida de lobisomem. Dragomir sabia que o Conde não pedira para que ele pesquisasse sobre a estaca de madeira e a água benta porque sabia que não considerava possível contra atacar aquilo. Assim como também não considerava possível fazer um vampiro retornar ao seu estado de humano. Dragomir provaria que ele estava errado.

    Em troca desse trabalho, Drácula daria à Dragomir acesso a algumas anotações sobre sua vida como humano na terra. Detalhes que para o Conde são irrelevantes, mas para Dragomir são ouro na sua busca por uma cura do vampirismo.

    — Provavelmente para proteger seus noivos dos caçadores que chegaram.

    — Ele os teme?

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