Contos: Drácula & Mina

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Três dias antes do desaparecimento de Wilhelmina

A Pérola do Rei era uma estalagem localizada na fronteira entre as cidades de Piteşti e Brașov. Pouco utilizada por turistas e locais, mas muito procurada por viajantes. Wilhelmina estava sentada em uma das mesas do segundo andar, reservadas para aqueles com um bom relacionamento com os donos ou que estavam dispostos a pagar mais. Ela tinha arranjado um encontro com um homem de Braşov que lhe traria informações importantes e sigilosas sobre o Conde Drácula. Seu pai não podia nem sonhar que ela estava ali, Mina saiu de casa dizendo que passaria a noite com algumas amigas.

Depois que Mina fez pesquisas para encontrar um presente bom o suficiente para dar a Jonathan e congratulá-lo pelo novo trabalho como aprendiz do alquimista de Piteşti, o Sr. Aurel, ela descobriu algumas coisas. Acabou se interessando por alquimia e pelos princípios que norteavam aqueles estudos. Seguindo tudo que havia descoberto, ela concluiu que a melhor forma de entender Drácula era saber como ele se tornou um vampiro, e havia um homem de Braşov que dizia ter registros históricos completos sobre os últimos anos de Drácula como humano. Aparentemente, eram diários de um criado que trabalhava no castelo. Ele poderia estar mentindo, é claro, mas era a melhor pista que Mina havia encontrado.

O homem estava atrasado alguns minutos e ela começava a ficar nervosa, pensando que ele não viria mais. Pelo menos Mina não tinha pago antes. Cada vez que a porta abria ela se enchia de esperanças, apenas para se decepcionar logo em seguida. Mas então, a porta se abriu para um viajante bem protegido da chuva. Ele ficou parado na soleira da porta e disse algumas palavras baixas com o criado, que voltou em seguida com o dono da estalagem. Mina observava enquanto o dono da estalagem fazia que sim e gesticulava para dentro, convidando-o a entrar. O homem falou mais alguma coisa com o criado, que apontou para cima, onde Mina estava.

Ela se levantou para recebê-lo. O homem não era nada como ela imaginava. Apesar de usar roupas surradas e que pareciam grandes demais para ele, tinha uma pose altiva. Os cabelos e os olhos eram negros como uma floresta escura e ele aparentava estar na casa dos quarenta anos, ainda que preservasse sua beleza. Mas o que realmente chamou a atenção de Mina foi a expressão do homem — Gunari, se ela bem se lembrava — seus lábios se entreabriram minimamente e seus olhos suavizaram.

— Wilhelmina Roşu. — Ele disse, e sua voz era aveludada e agradável.

— Sim, e você é o senhor Gunari?

— Esperava outra pessoa?

— Não, por favor, sente-se. — Ela se acomodou na cadeira e empurrou um caneco de cerveja na direção dele. — Aqui, deve estar cansado da sua viagem.

Os olhos dele a observavam com intensidade, mas não a deixavam desconfortável.

— Que gentileza. — Ele trouxe o caneco para junto de si, mas não bebeu nada. — Antes de lhe entregar o que me pediu, gostaria de fazer algumas perguntas. Espero que compreenda que não posso simplesmente entregar os diários para qualquer pessoa, já que possuem grande valor.

— Eu não sabia que haveria problemas.

— E não haverá nenhum se responder minhas perguntas.

Ela hesitou um pouco antes de anuir fracamente.

— Por que está investigando o passado do Conde Drácula?

Ela olhou ao redor, apreensiva, mas estavam sozinhos no andar de cima.

— Tenho estudado vampiros há muitos anos e fico feliz em dizer que coleciono inúmeras descobertas, mas sinto que nenhuma informação jamais será suficiente se eu não o compreender completamente. Afinal, como podemos sonhar em compreender algo se não sabemos quais são suas raízes?

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⏰ Última atualização: Dec 27, 2022 ⏰

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