CAPÍTULO V

73 6 289
                                    

A espingarda pesava no ombro de Petru

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A espingarda pesava no ombro de Petru. Ele passou algumas horas na floresta treinando a pontaria, e agora seu braço pagava o preço do recuo forte da arma. Quando suas irmãs souberam que ele estava indo para a floresta, tentaram impedi-lo por conta dos últimos acontecimentos e, apesar de Petru também ter ficado um pouco receoso de se arriscar, ele sabia que precisava treinar e melhorar suas habilidades ofensivas. Com os Caçadores na cidade, seu sonho de se tornar um deles nunca esteve tão perto de se realizar. Por isso garantiu às irmãs que não se afastaria do vilarejo e que tomaria cuidado. Seu pai sequer tentou impedi-lo, muito pelo contrário, encorajou o que ele pensava ser um grandioso ato de masculinidade.

Agora Petru já retornava para a casa e não esbarrou em nenhum ser sobrenatural pelo caminho. Ele girava o ombro de vez em quando para se livrar do incômodo, já fantasiando com o momento que chegaria em casa para relaxar e colocar neve no músculo dolorido. Assim que Petru abriu a porta de casa deu de cara com sua irmã Alanys sentada na mesa com Jonathan. Estavam mergulhados em uma conversa agradável, mas ambos os semblantes mudaram quando avistaram Petru.

— Oi... a gente tinha combinado alguma coisa pra hoje? — Ele perguntou, fechando a porta atrás de si.

— Não, mas eu estava esperando que a gente pudesse conversar. — Os olhos ansiosos do amigo lhe diziam que se tratava de um assunto importante.

— Como você é educado, Petru — Alanys disse, indignada. — Sequer pergunta se o seu amigo quer comer alguma coisa.

— Eu deduzi que você já o tinha alimentado, Alanys. — Ele retirou o casaco e a espingarda e os deixou apoiados ao lado da porta. A madrasta não gostava quando ele deixava suas coisas espalhadas pela casa, mas era só guardar antes que ela chegasse.

— Não deu tempo, ele acabou de chegar. — Ela também se levantou. — Vou deixá-los conversando sozinhos, homenzinhos. Deve ser um assunto muito grave. — Ela prendeu uma risada deixando claro que pensava que aquilo era qualquer coisa, menos grave.

— Não precisa sair, nós podemos ir para outro lugar. — Jonathan tentou ser educado, mesmo que fosse melhor que Alanys saísse, já que ela não podia participar da conversa.

— Imagine, eu tenho coisas para fazer também.

— Sobrou um pouco de neve? — Petru questionou.

— Aqui. — Ela colocou um balde de aço sobre a mesa, cujo fundo abrigava uma piscina de neve derretida e um pouco de gelo ao centro. Alanys deu um beijo na bochecha de Petru e mexeu em seu cabelo longo. — Olha só, se não cortar esse cabelo logo tenho vários penteados maravilhosos esperando por ele.

— Ah, sai pra lá! — Ele riu, mas afastou a mão dela com um tapa. Quando era menor, suas irmãs tinham o hábito de vesti-lo como se fosse uma boneca. Agora Petru achava engraçado, mas na época detestava.

Ela foi rápida ao sair, não antes de garantir a Jonathan que ele era sempre bem vindo ali e que poderia comer o que quisesse se o irmão não tivesse a decência de lhe oferecer almoço. Petru sequer teve tempo de perguntar a Jonathan o motivo de estar ali antes que o amigo desembestasse a falar — o que era algo bastante comum.

Do InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora