Tini

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Perdão.

Uma palavra tão simples e com um significado tão forte. Antes fosse simples perdoar alguém. Meu psicólogo Noel Fisher uma vez me disse que perdoar não é necessariamente esquecer, e que as feridas causadas pelas outras pessoas poderiam demorar muito a se fechar. Antes eu não entendia o que tais palavras significavam, mas agora parece claro como a água. E eu sabia que demoraria muito para eu finalmente perdoar todos aqueles que um dia me feriram. Incluindo eu mesma.

Voltar as gravações seria um começo dramático, e mesmo depois de ficar dias longe do ar britânico e de todos os holofotes, meu corpo ainda gritava para eu evitar minha volta – mesmo ela sendo inevitável.

Eu já havia adiado meu retorno por muito tempo, e a série estava com seu futuro incerto durante minha ausência. Os produtores tentaram segurar o máximo que puderam e eu agradecia imensamente por isso. Mas a vida precisava continuar, as coisas demorariam a voltar para a normalidade e eu entendia isso (até aceitava de bom grado). Porém tinha medo do vazio se fazer presente de novo. Por outro lado ainda havia a atenção desnecessária que receberia "pós tentativa de suicídio" e odiava tal tratamento – além da minha mãe que me vigiou durante minhas férias inteira.

Tem como eu a culpar?

- Você está bem? – Mamãe pergunta pela milésima vez de que chegamos ao estúdio. Ela se preocupava mais do que o normal.

- Não precisa tratar ela feito criança, mãe! Ela é forte e vai conseguir. – Marie diz. Depois de um tempo as pazes vieram naturalmente entre nós. Como quando você briga com seu irmão e de repente, sem ao menos perceber, já estão de boa novamente. Eu fiquei aliviada por isso, ela era minha melhor miga e havia me apoiada em cada decisão até aqui (mesmo quando em um surto de vergonha eu disse que largaria minha carreira toda).

- Se você se sentir mal ou não querer continuar é só avisar e te arranco dali. – mamãe diz ainda com o semblante preocupado.

- Eu tenho que cumprir o contrato, não se esqueça. – tento lembra-la.

- Não me importo com essa merda, se afetar sua saúde mental de alguma forma é só me avisar. – ela começa. – Cancelo esse contrato nem que eu tenha que usar força bruta.

- Tá achando que você é um vingador, mulher? – minha irmã zomba da forma engraçada que ela dá sua ordem.

- Você é hilária Marie. – ela responde revirando seus olhos.

No caminho até o local das gravações de Castle of Glass eu encontro alguns conhecidos – pessoas que já trabalhei. Era engraçado vê-las tentando não tocar no assunto, ainda mais com minha mãe parecendo meu cão de guarda. Muitas pessoas me davam as boas e vindas, já outras desejavam um bom dia para minha volta, e tinham as que comemoravam saltitantes meu retorno (até porque se a série fosse cancelada a maioria aqui ficariam sem emprego – e essa com toda certeza foi uma das razões principais para eu voltar).

Mas devo confessar que era bom estar de volta. Era bom respirar o ar de liberdade que as só as câmeras eram capazes de me oferecer. Era libertador.

- Olha só se não é minha garota preferida, depois da minha mãe é claro! – vejo Chandler chegar com seus braços prontos para me abraçar.

- Sentiu minha falta Carl Poppa? – digo vendo ele fazer uma careta. Ele odiava esse apelido, não porque remetia ao seu antigo emprego mas porque para ele era "humilhante". Claro que eu não perdia tempo em zombar disso e usar a meu favor.

- Vejo que voltou com tudo. – ele diz ao me soltar de um abraço apertado. – Senti sua falta.

- Eu sei. – digo sorrindo.

F.R.I.E.N.D.S - Tom HollandOnde histórias criam vida. Descubra agora