- como está se sentindo hoje? - Noel pergunta me encarando do outro lado da sala, mas o silêncio reina. - Você vai mesmo fazer esse jogo?
- não estou fazendo nenhum jogo, só não tenho nada de bom pra contar. - minha voz está tão fraca que sinto pena de mim mesmo.
- então me conte as coisas ruins. O que te aflige? - Dr. Fisher era insistente, por um lado era seu trabalho falando mais alto, e por outro era o lado afetivo dele. Qualquer um que me olhasse saberia que tinha algo de errado, menos minha família e amigos.
- eu tô bem. - digo.
- você não parece bem, tem dormido todas as noites ou ainda ocorrem os ataques de pânico?
- não precisa se preocupar Noel, estou tomando meus remédios e isso me ajuda a dormir.
- o que aconteceu desde a última semana? Na consulta passada você está animada, me conto todas as novidades. O que mudou?
- eu não tenho novidades, tô ficando no hotel a maior parte do tempo, dormindo durante o dia já que de noite eu não consigo. - respiro fundo. Nem vontade de chorar eu sentia mais.
- você está triste? - essa pergunta martela na minha cabeça. Eu não estava triste, não mais. Nem cansada ou com medo. Era só um vazio, completo de nada.
- não. Eu não sinto nada. - olho pra ele, que mantém seu olhar assustado sob mim. - Só quero que o dia acabe logo.
- talvez seja melhor você dar um tempo de tudo, ficar com seus amigos e parentes, ou até mesmo seu namorado.
Amigos? não sobrou nenhum. Família? distante demais.
Namorado? as marcas roxas já falam por si só. Eu estou definitivamente sozinha, flutuando num completo nada. Parece exagero mais era assim que eu me sentia, porque enquanto eu gritava por socorro todos fechavam suas portas na minha cara.
- já acabamos por aqui? - pergunto. Ele respira fundo, frustrado, mas me libera. Dessa vez eu não ligo meu celular, ele já estava travando de tantas notificações vindas do post que uma revista de fofoca publicou recentemente, sobre um suposto namoro do Tom.
O que eu tinha haver com isso?
Já tinha meus próprios problemas, James viajou para a Espanha nessa manhã a trabalho e ainda assim não saia do meu pé, com ligações o dia todo. Minha irmã não olhava na minha cara, por causa das diversas brigas com base no meu relacionamento com James. Minha mãe estendeu sua viagem para Itália, ela e Maddie ficariam fora por mais algumas semanas. Jamie não me atendia de forma alguma depois de ter me esculachado diante de Deus e o mundo no set de filmagens. Haz e Tuwaine não falavam comigo, tomaram as dores do Tom. Elysia me bloqueou de suas redes sociais depois do James ter causado no grupo da Trupe. Sam e Harry sumiram, provavelmente tentando evitar conflitos com o irmão. Tom não falava comigo, ignorou todas as minhas chamadas e mensagens e eu não queria atrapalhar seu novo romance.
Ao menos eu tinha meu avô.
- eu vou viajar...
- espera um pouco vô! como assim?- digo depois de ouvir meu avô contar seu plano de viagem para New York City.
- resolveu assim, em cima da hora? - Marie que também está presente no local pergunta, ela se mantém do outro lado da sala só pra evitar contato comigo. Idiota.
- bom alguém precisa fiscalizar as obras, já que a Martina teve que voltar antes de acabar. - ele responde.
- o senhor não pode esperar as gravações da série terminar? Assim eu posso ir com você. - eu suplico, não queria ficar sozinha.
- você sabe que não querida, se eu atrasar mais um pouco o prejuízo vai ser de milhões. - meu olhar é de desespero.
- não exagera Martina você pode ficar com seu namorado. - Marie provoca. Mal sabe ela.
- ele está viajando.
- pena. Você vai ficar bem aqui no hotel sozinha. - ela já tinha sua vaga garantida no quarto de Harry e era bem vinda lá, eu já previa minhas noites em crise chegando.
- quem disse que a Martina vai ficar aqui sozinha? - meu avô diz.
- não vai??- Marie se assusta. Ótimo vô, é isso ai, obriga ela a ficar comigo.
- claro que não, vocês duas vai ficar com os Holland. - puta que pariu hein. - Já conversei com Dom e Nikki e está tudo certo, eles amaram a ideia.
- os filhos é que não. - Marie dá uma risada debochada.
- vô eu não quero ir. - declaro.
- ficar aqui no hotel sozinhas, com hóspedes do mundo todo entrando e saindo é que vocês não vão ficar. Já está decidido.
- os meninos não me querem lá.
- dou um dia para a briga de vocês ser esquecida, vocês se amam, são uma família. - ele diz.
- vou arrumar minhas malas. - Marie sai da sala saltitante. Eu não. Fico imóvel, com um nó na garganta pronto para explodir. Eu estava prestes a me confinar em uma casa com as pessoas que no momento, me odiava. O que podia dar errado?
- você vai ficar bem, querida. - meu avô diz tentando amenizar a bomba que ele acabou de jogar no meu colo.
Não vô, eu não vou.
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Volteiiiii 💛💛💛💛💛
Que saudades meu povo 💥💥
Animados para o próximo capítulo? eu tô 😏🤫
Até amanhã xoxo 😘💚
