Minha cabeça doía como se estivesse alguém martelando ela com toda a força possível, o Gin estava fazendo efeito e ao contrário do que eu esperava não me esqueci de Martina, na verdade ela era a única pessoa na minha mente agora. No meu celular havia diversas mensagens e ligações perdidas de Olivia, a garota era tão insistente que chegava a ser chata. Na sala de estar da nossa casa todos os membros da família estavam nos celulares, ligando para qualquer pessoa que possa ter entrado em contato com Tini no último dia.
Ela estava desaparecida.
Desde de ontem a tarde ninguém viu ela, nem no hotel, nem no set, ou no bairro, já havíamos vasculhado todas as ruas e nada. Pior ainda era James que também estava caçando ela, não de uma forma boa. Ele escondia algo de nós e isso me deixava mais furioso do que nunca, pois tenho a percepção de que ele possa ser o real motivo dela sumir. Ou talvez seja minha culpa, e eu só queira botar a culpa em outra pessoa para me safar.
— o Chandler disse que não viu ela também, mas vai avisar caso veja. - Sam diz desligando o telefone. Ótimo mais um que não sabe de nada, já era nossa trigésima tentativa.
— estamos rodando em círculos. - Marie diz. Ela estava completamente desesperada, pois se sentia tão culpada quando eu.
— não vamos desistir até encontrá-la. - minha mãe diz tentando ser positivo, mas estávamos exaustos por ter passado o resto da madrugada pendurados no telefone. Precisávamos de algo melhor do que ser só positivos.
— já tentaram o Jamie? - meu pai pergunta.
— algumas dezenas de vezes. Mas o cara não responde as mensagens e nem atende o celular. - Harry responde.
— mas ele sabe de algo. - Tuwaine começa. — O comentário na publicação o denunciou.
— o que foi que ele disse mesmo? - mamãe questiona.
— "enquanto a amiga precisa deles eles tão se divertindo" - Harrison diz fazendo aspas com as mãos.
— isso sem contar que ele simplesmente deu unfollow em todo mundo. - Tuwaine relembra.
— ele não me deu unfollow. - Paddy se gaba, fazendo nós rolar os olhos.
— foi uma indireta para mim. - digo.
— foi uma indireta para todos nós Tom. - Marie diz. Ela estava certa, todos aqui carregavam um pouco da culpa nas costas.
— menos para mim. - Paddy diz de novo. Por um lado ele tinha razão, Martina provavelmente nunca ficaria brava com ele. Afinal, fomos nós que o proibimos de conversar com ela, não tinha nenhum motivo para eles brigarem. Infantis. Eu era um babaca, deixei o ciúmes falar mais alto do que tudo e olha no que deu. Estúpido.
Enquanto me castigo mentalmente por ser um enorme fracasso, um barulho chama nossa atenção. O som vinha do andar acima de nós, era como passos firmes. Tinha alguém na casa. Meu pai faz um gesto de silêncio para todos, pois qualquer ação nossa poderia alertar o invasor que sabíamos da sua presença. Harry e Sam pegam tacos de golf que ficavam como decoração em um cesto, na sala. Minha mãe se arma com uma frigideira, olho indignado para ela, aquilo nunca a protegeria.
— querida ele pode ter uma arma de fogo. - papai diz o que todo mundo pensou.
— seus filhos estão com taco de golf, pode acreditar isso aqui causa mais estrago. - ela mostra a frigideira defendendo sua escolha.
Aos poucos subimos as escadas, meu pai é o pioneiro, eu vou logo atrás dele, sendo o segundo na fila indiana que cada um nessa casa fez. Quando chegamos ao topo da escadaria o barulho fica mais denso e alto, o armário do corredor era o alvo do possível ladrão. O que ele iria querer com toalhas e lençóis? Passando pela porta do primeiro banheiro avistamos alguém ajoelhado diante do armário embutido, parecendo procurar alguma coisa. O indivíduo estava completamente de preto e usava uma máscara de esqui da mesma cor. Como num baque forte o suficiente para eu ouvir, mamãe choca a frigideira com as costas do intruso. Ele geme de dor. Ela não para, mais duas vezes são o bastante para ele ir ao chão.