Abro meus olhos calmamente sentindo o pesar da claridade sob eles. A luminária, no centro do teto branco, tinha uma luz tão forte que seria capaz de me cegar se eu ousasse olhar por muito tempo. No meu braço há um acesso ligado a um saquinho de soro fisiológico, na pequena cômoda ao lado da cama a qual me encontro, tem alguns ramos de girassóis. Era a minha flor favorita. Meu corpo parece pesado demais, talvez seja a minha consciência voltando a realidade. Merda!!! 3x merda. O que foi que eu fiz?— olha só!!! A mocinha está finalmente acordada. - uma moça vestida completamente de branco se aproxima, seu entusiasmo me irrita. A dor de cabeça está a todo vapor e o gosto amargo na minha boca também. — Como está se sentindo?
— envergonhada. - digo tentando levantar da cama.
— é melhor você ficar quietinha, seu organismo ainda está se recuperando do excesso de remédios que você ingeriu. - ela tem uma voz delicada e sorri a cada término de frase, isso definitivamente era um pesadelo. Eu morri e fui para o inferno.
— eu só quero sentar. - ela entende meu pedido e levanta a cabeceira da cama, apertando alguns botões. Eu odeio hospitais.
— já que você acordou vou chamar seus visitantes, sua família encheu a sala de espera. - suas palavras me desesperam, pois por alguns segundos eu esqueci completamente do resto. Da família. Dos amigos. Dos fãs. E principalmente, dos haters. Era um choque de realidade muito forte, de repente me sinto ligada ao 220 v de novo. Ansiosa e desesperada. Esse era meu estado de espírito. Tudo o que eu menos queria agora era ver a decepção no rosto deles. Sou uma piada.
— tá todo mundo aí? - pergunto pretensiosa. - Será que você pode esperar um pouco? Não sei se estou pronta para encarar todos eles. Muita coisa para processar.
— claro, sra. Camilo! Você tem todo o tempo do mundo. - ela sorri de novo. — Mas não se esqueça, eles são sua família não vão te julgar.
— engraçado porque é exatamente o que eles fazem de melhor. Me julgar. - sorrio sarcástica. — Isso quando eles não me ignoram e dizem que sou um peso para eles.
— uau não foi o que pareceu, seu namorado me parou dezenas de vezes na última hora para perguntar de você... - namorado? James!!! Um arrepio desce pelo meu corpo, me fazendo encolher na cama. Paralisada só pelo nome dele. Da para imaginar esse tipo de prisão?
— J-james está a-aqui? - gaguejo, tropeçando nas palavras.
— quem é James? - ela revida com a cara confusa.
— você disse namorado.
— tenho absoluta certeza de que o nome dele não era James não. - ela diz, agora eu sou a confusa. — É aquele ator gato da Marvel menina. O garoto aranha.
— Tom? - penso em voz alta.
— esse mesmo!!! - a moça diz empolgada. — Ele brigou com um carinha e tudo mais, acho que era seu ex. Para ser sincera eu não entendi muito bem a treta.
— como assim? Me fala que eu não tô num universo paralelo. Eu estou sonhando e provavelmente em coma, só pode ser. - me nego a acreditar, é um turbilhão de informações atravessando minha cabeça agora.
— claro que não menina, tenho até o vídeo pra te mostrar. - ela pega seu aparelho celular colocando na tela uma briga entre Tom e James, no vídeo Holland deposita socos fortes e intensos na cara de McPherson, a cena me dá alívio. — O pessoal gravou e mandou em todos os grupos, foi um bafão.
— puta merda, a imprensa deve estar causando em cima disso né? - eu já podia ver os tablóides britânicos fazendo cobertura sobre toda a situação. O que eu fui arrumar?