Não foi um sonho.

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Meu rosto vira bruscamente para a esquerda

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Meu rosto vira bruscamente para a esquerda.

Adie havia lançado sua bolsa em minha direção tão malditamente forte e dilacerante que tal intensidade foi capaz de me deixar completamente tonta e totalmente perdida por um curto segundo.

Levo meus olhos em direção à porta e a encaro boquiaberta, ainda perplexa demais com o forte baque de três segundos atrás.
Seu cabelo estava molhado e seu corpo estava coberto por um roupão rosa bebê.

A garota havia acabado de participar de uma aula de canoagem.

— Invadiram mesmo o refeitório ontem. — Ela solta de uma só vez, quando passa totalmente seu corpo pela porta. — Aquilo não foi só um sonho, Fiore.

Após todos entrarem no refeitório na noite passada, continuei na janela em alerta durante vários minutos, mas minha grande curiosidade em saber o desfecho de toda aquela história não foi suficiente; já que, rapidamente fui vencida pelo cansaço depois de tanto esperar.
Quando abri meus olhos hoje pela manhã, senti um pequeno fio de frustração tomar conta de mim por não saber de fato o que realmente havia acontecido. Entretanto, toda aquela situação ficou ainda mais idiota depois que contei tudo para Adie.

À medida que ela se dirigia até mim, um barulho esquisito saía de seus chinelos, estavam envolvidos por lama e deixavam pegadas no chão.

— Claro que não foi um sonho, eu te disse que estava bem lúcida quando vi alguém abrir a porta do refeitório durante a madrugada.

Ela para brutalmente encarando a capa dura que acabei deixando de lado. — Você voltou a ler essa porcaria?

Poemas eram a coisa que eu mais gostava de ler depois de livros em quadrinhos ou o romance de Romeu e Julieta; o romance do qual eu decorei todos os parágrafos, vírgulas e pontos finais. Na verdade, eu nem sabia ao certo qual era o final do casal apaixonado. Quer dizer, todos sabem que eles morrem, mas essa era justamente a parte que eu costumava ignorar constantemente toda vez que eu recomeçava a leitura. Mamãe surtaria se soubesse desse tal feito. Ela me deu de presente como uma forma de lição, já que a história tem uma moral expressa de que os filhos devem obedecer aos pais, sob pena de caírem em desgraça como ocorreu com o jovem casal.

— Você me forçou a vir para este lugar com você e nem sequer passa um tempo comigo. Não pode me impedir de fazer algo do meu interesse também.

— Ei. — A garota protesta — Eu sempre chamo você para ser minha dupla nas competições!

— Eu não gosto desse tipo de adrenalina.

— Bom, porque você é sem graça. — Retira os chinelos quando se depara com o rastro de bagunça que estava fazendo no chão. — Não sei como podemos ser amigas desse jeito.

Não consigo segurar um pequeno riso nasal.

— Tudo bem. — Cesso o assunto. — Me conta logo como você chegou à conclusão de que não foi um mero sonho meu.

Céu Sem EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora