Céu Sem Estrelas

Revelações, sabor conhaque

Jaden me encara seriamente por cima do seu ombro e calmamente analisa toda a situação que eu causei. Em seguida, ele se levanta, liberando o assento que ocupava segundos atrás. Meus olhos caem no copo sob o balcão. O recipiente em questão ainda contém um pouco de líquido da coloração âmbar.

Um murmúrio ecoa e obrigatoriamente mudo o rumo da minha atenção, lembrando-me da grande confusão que ocasionei no chão. Algumas pessoas se agitam para ajudar o rapaz a se levantar e, quando ele já está de pé, percebo que suas roupas estão levemente molhadas. O cheiro do álcool derramado se espalha cada vez mais.
Sussurro um "desculpe" carregado de culpa, mas encolho-me sem jeito ao perceber o desgosto refletir no semblante de um dos colaboradores.

— Olá, boa noite. — Sou abordada de repente.

Suas bochechas são rechonchudas enquanto sua expressão se mantém cortês.

— Acidentes acontecem o tempo todo, não se preocupe. — Prosseguiu, sua voz equilibrada. — Nós resolveremos toda essa bagunça.

Assinto hesitante e sem graça. — Obrigada.

Giro o calcanhar, pronta para partir, mas me viro novamente quando ouço sua voz ressoando em meus ouvidos mais uma vez:

— Qual será a forma de pagamento?

Por um momento, sua pergunta me confunde, mas ao ver as duas garrafas vazias de cerveja na minha mesa, meus lábios se entreabrem.
No que eu estava pensando? Que iria sair do bar sem pagar? Definitivamente, hoje não era o meu dia.
Abro minha bolsa em busca da minha carteira, mas interrompo o movimento ao respirar fundo e involuntariamente sentir um aroma familiar preencher minhas narinas.

Jaden tem sua carteira em mãos. Ele separa algumas notas e as estende ao senhor à minha frente. A figura calva e rechonchuda parece estranhar a atitude, seus olhos passam de mim para Jaden e de Jaden para mim, talvez se perguntando se éramos um casal ou tínhamos algum grau de parentesco. Por fim, ele dobra o dinheiro e o guarda no bolso de sua camisa social, puxa suas calças para cima e sorri gentilmente antes de murmurar um "Volte sempre".

Fico em silêncio, avaliando todo o cenário, mas quando a palma de Jaden se apoia nas minhas costas, estremeço.
Jaden me induz a caminhar em direção à saída e tudo o que faço é aceitar a situação.

— Não me lembro de ter pedido seu dinheiro, idiota. — Resmungo, sentindo a leve brisa da noite abraçar minhas pernas desnudas. Eu usava uma saia acompanhada de uma blusa de mangas compridas. Não estava um frio de morrer, mas a área mais aquecida do meu corpo era onde sua mão ocupava. — Você precisa parar de se meter na vida dos outros.