Congelei completamente. Até a minha respiração estava suspensa há mais segundos do que poderia contar. Um pânico visceral tomou parte do meu corpo lentamente, toldando os meus sentidos, se apossando da minha mente.
O nó na minha garganta não se dissipou, apenas se enrolou nele mesmo, gerando mais camadas que me sufocavam e mantinham plantada no mesmo lugar.
Eu precisava de um minuto para lidar com a chacina que tinha acabado de acontecer perante os meus olhos. Conhecidos e amigos, destroçados... Aquele chão imundo. Não reconheci a maior parte dos que olhei, me sentia ensurdecida, apertando minhas mãos repetidamente como se tivesse um tique nervoso, checando se aquilo era um sonho ou pesadelo. Mas os meus sentidos entorpecidos pela magia não me permitiam decidir.
Kassius não esperou calmamente pela minha resposta. Se aproximou de mim com uma rapidez que nem meu olhar de vampira pôde acompanhar. O vento da sua aproximação levantou o cheiro de sangue pútrido do salão, minha pele se arrepiou e tive que conter o desejo de gritar.
Ele segurou meus braços, mas o retesar do meu corpo fez com que retrocedesse um passo. Engoli em seco sem olhar diretamente em seus olhos e quando fitei o chão, ele se aproximou novamente, devagar.
Sua mão tocou a minha, não me afastei, ele a segurou e apertou junto ao peito, fazendo com que meu corpo se aproximasse um pouco mais do dele com o movimento. Com a outra mão segurou meu pescoço, não de uma forma ameaçadora, mas como se pudesse sentir todo turbilhão de emoções se engalfinhando dentro de mim, naquele ponto específico do meu corpo, procurando uma forma violenta de se libertar.
— O que há de errado, Donna? — A pergunta soou íntima demais. Me senti acolhida e incomodada ao mesmo tempo.
— Quem é você? — murmurei, recuperando do torpor como se a minha alma tivesse sido colocada de volta para dentro naquele instante. — Eles estão todos mortos! Todos! Se você podia impedir, por que não o fez? Quem é você? — repeti, empurrando seu peito, tirando forças de onde não tinha.
Ele me soltou novamente, com um sorrisinho de canto que me fez ver estrelas com o ressentimento que irrompeu como um raio flamejante nos meus olhos.
— Me perdoe, não me ocorreu que você se importasse tanto com toda essa gente, eu deixei que a curiosidade interferisse na minha decisão. Não antecipei que perdê-los, te afetaria dessa forma.
— Por que me salvou? Por que pede perdão? Quem é você? — a pergunta do milhão. — E não insulte minha inteligência me dizendo seu nome de novo! Quem é você e o que raios está fazendo aqui?! — gritei gradativamente mais alto, conforme formava cada palavra, não lhe dando tempo de responder antes de continuar. — Não me chame Donna, esse não é o meu nome e eu nunca te dei confiança para me dar um apelido — terminei, ofegante, me sentindo repentinamente drenada pelas emoções que insistiam em voltar, me esmagando de forma latente.
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DOMÍNIOS DE LUA E SANGUE
VampireSINOPSE: A paixão mais ardente vem do clamor do sangue. Kassius é diferente, mesmo no mundo de magia no qual nasceu. Fruto de uma relação proibida entre raças inimigas, foi amaldiçoado antes mesmo de nascer. Apesar disso, sua natureza o fez mais for...