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                                  pov Chloé

Vamos comigo, Lily… não vai demorar, eu prometo! — Chloé sorria perversamente, enquanto tentava convencer a mais nova a ir com ela para a casa de Damien.

— O Finn não quer ir comigo, mas eu preciso! — Exclamou com urgência.

Aquela era uma grande mentira, mas ela precisava convencer Lily-Anne.

Era a véspera do final do campeonato daquele ano, o time tinha a enorme responsabilidade de vencer a partida, que seria no campo adversário e é claro, as torcedoras estavam nervosas por terem que animar em um jogo que a maioria da torcida seria para o outro time. Chloé estava uma pilha de nervos, suas mãos tremiam tanto de nervoso quanto de abstinência.

A única coisa que a acalmaria eram os comprimidos de Damien.

Finn não sabia que ela estava fazendo aquilo, muito menos que estava arrastando a irmã mais nova dele junto, mas ela não podia ir sozinha e Lily não era mais criança. Podia lidar com aquilo. Chloé tinha certeza.

A garota acordou de sobressalto, já era a décima noite que ela acordava com a mesma lembrança, sempre a mesma. Naquela noite, Lily-Anne havia morrido por causa da sua insistência.
Chloé não se lembrava de quase nada daquela noite, tudo lhe parecia um borrão enorme e suas lembranças eram confusas e quase sempre se misturavam com a realidade, mas os fatos eram que a morte da mais nova tinha sido constatada como overdose. Mas todos sabiam que a menina não usava drogas, só tinha quatorze anos na época e era mais madura que Chloé, na maior parte do tempo.

A morte dos pais dos Wolfhard tinha feito os dois amadurecem mais rápido do que o normal e Lily tinha a cabeça no lugar, mas mesmo assim, esse foi o destino dela.

— Você precisa me dizer exatamente o que aconteceu. — O delegado Shawn Wattes olhava fixamente para Chloé, coçando a barba.

Ele estava furioso de ter tido que levantar da cama às duas da manhã para resolver um crime e quando chegou na cena, quase perdeu o fôlego. A filha mais nova dos Wolfhard estava morta na calçada dos Berrycloth's, enquanto o mais velho berrava chamando pela irmã, gelada e pálida em seus braços.

Chloé o encarava com os olhos injetados, o efeito das drogas já havia passado, mas a garota ainda tremia, suas lágrimas haviam secado, mas seu rosto ainda estava sujo da maquiagem que escorreu dos olhos, sua boca estava seca e ela ainda estava em choque.

Lily-Anne estava morta.

— Nós fomos para a casa de Damien Lockwood… — ela começou a dizer e depois seu corpo resetou.

Ela teria que contar, não tinha como esconder isso do delegado da cidade, não demoraria muito para ele ligar os fatos de qualquer forma. Seus pais estavam do lado de fora e ela não queria ter que encará-los. Estava encurralada. — Comprar drogas para mim.

— Continue...

— Eu não sei, eu… eu não me lembro! Eu juro, por favor… eu estou tão confusa, Lily está morta, eu preciso falar com Finn, eu…
— Você não vai a lugar algum, mocinha!
Ouviu aquela voz horrível atrás de si e em seguida uma pancada na cabeça, deixando-a desacorda.

Chloé pulou da cama novamente, tinha caído no sono de novo. A garota balançou a cabeça negativamente e se levantou da cama. Ainda estava se adaptando ao seu antigo e ao mesmo tempo novo quarto.

A decoração parecia não combinar com sua personalidade, ela não era mais a mesma pessoa e sabia disso, os quadros na sua parede ou os livros na sua estante não a definiam mais.

Even if i die | Finn WolfhardOnde histórias criam vida. Descubra agora