08

20 4 0
                                    


                                  pov Chloé

— Você consegue, vamos lá! — Chloé dizia para si mesma, enquanto encarava o espelho sujo do banheiro feminino da escola.

Ela estava bem. O cabelo perfeitamente alinhado em um rabo de cavalo alto, as maçãs do rosto e o nariz rosados pelo blush que ela tinha passado, e o gloss impecável em seus lábios desenhados. Mas sua testa franzida e a boca torcida de lado, denunciavam seu nervosismo.

O uniforme das líderes de torcida da Cambridge não havia mudado nada: as cores do colégio estampavam a saia curta e a camiseta que levava o nome da cidade. Em razão do frio, ela também vestia o casaco usado pelos jogadores de futebol.

Era o primeiro jogo dela desde a sua volta, havia uma semana. Tinha tido pouco tempo para ensaiar, mas as acrobacias pareciam-lhe algo natural, então não teve dificuldade alguma em pegar as novas coreografias.

Todas as garotas da torcida a recepcionaram bem e, embora Meredith pegasse mais no pé dela que o necessário, as duas não estavam enfrentando grandes problemas de convivência. No entanto, era a primeira vez desde a sua volta, que Chloé sentiu a necessidade intensa de usar as drogas que a deixavam mais calma: os comprimidos mágicos de Damien, que ela costumava tomar antes dos jogos.

— Chloé ? Chloé ? — A voz de Finn não passava de um zumbido nos ouvidos de Chloé , que tentava se concentrar em sua imagem no espelho, que estava completamente distorcida.
A garota soltou uma risada nervosa, antes de se virar com dificuldade para o namorado.

— Não acredito nisso! — Ele sussurrou e a puxou pelo braço, para ficar junto dele, enquanto ele a levava para fora, abraçando-a e escondendo seu rosto para que as pessoas em volta não percebessem a situação em que a menina se encontrava.

Finn encontrou uma sala vazia e entrou, fechando a porta atrás de si.

— O que você está pensando? Pensei que tinha parado com isso. — Sua expressão era um misto de raiva e preocupação. Já tinha visto a garota assim outras vezes, mas, nos últimos tempos, ela parecia ter entrado nos eixos.

Ao perceber o quão bravo Wolfhard estava com ela, Chloé pareceu se recuperar um pouco do torpor e encarou, seus olhos já começando a encher de lágrimas. A reprovação dele era uma das coisas que mais a derrubava.

— Eu te decepcionei de novo... — sussurrou, enquanto procurava o pescoço do garoto para abraçá-lo.

— Me desculpe, Finn… eu não consigo ser boa para você. — Falou, enquanto o puxava para mais perto e as lágrimas caiam em sua blusa, molhando-a.

— Está tudo bem... — ele disse, tentando tranquilizá-la. Já tinha feito aquilo mais vezes do que gostaria.

— Mas você precisa se recompor. O jogo começa em dez minutos.

    — Berrycloth! — Ao ouvir seu sobrenome, a garota deu um pulo, recobrando a consciência, que tinha viajado para três anos atrás.

— Estou te chamando há pelo menos duas horas! — A voz irritante de Meredith entrou em seus ouvidos e Chloé recompôs sua postura, checando pela última vez no espelho se estava tudo dentro dos conformes.

— Faltam dez minutos, madame. Ou você acha que o jogo vai ficar parado, até você resolver entrar em formação?

Chloé apenas ignorou a implicância da garota e saiu pela porta do banheiro, tentando controlar a raiva, sem prestar muita atenção no caminho, o que a fez se chocar contra alguém.

Even if i die | Finn WolfhardOnde histórias criam vida. Descubra agora