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As semanas passaram voando depois dos últimos acontecimentos. Chloé não sabia muito bem o que estava acontecendo entre ela e Malcolm, mas o garoto se esgueirava por sua janela quase todas as noites e lhe fazia companhia, além dos olhares furtivos que os dois trocavam quando se encontravam nos corredores ou se esbarravam durante o treino das líderes de torcida e do time de futebol.

Até então, ninguém parecia desconfiar de nada e a garota estava feliz de poder contar com a presença dele, mesmo que soubesse que ele sentia mais por ela do que apenas amizade.

Não tinham se beijado de novo, apesar das insinuações de Malcolm, mas Chloé não podia negar que estava passando a vê-lo de forma diferente agora. Ele era realmente um garoto bonito, apesar de toda aquela cabeleira desengonçada, seus olhos eram verdes e se fechavam quando ele sorria, além do belo corpo. Mas, ainda assim, ele não era nada em comparação a Finn Wolfhard, de quem Chloé se lembrava o tempo todo.

Ela pensava nele e no momento que tiveram no corredor todos os dias. Estavam tão perto e mesmo assim tão afastados. A garota nunca imaginou que pudessem chegar naquele ponto. Apesar de tudo, sempre sonhou em se casar e ter uma família com Wolfhard.

O garoto era o amor da vida dela. Mas agora tudo parecia arruinado, quebrado. Ela sabia que mesmo com a remota chance de ser perdoada por Finn, eles possivelmente nunca mais voltariam a ficar juntos.

Os dois não se viram na escola além das aulas de Literatura, Cálculo e nos treinos. Faziam o possível para evitar o caminho e o olhar um do outro, o que deixava Chloé profundamente infeliz. Talvez por isso ela estava aproveitando tanto os momentos com Malcolm. Ela não queria usá-lo, mas o garoto funcionava como uma espécie de anestésico. Quando estava com ele, as coisas não eram tão ruins.

Era nisso que ela estava pensando, enquanto caminhava distraída para mais um ensaio da peça. Estes iam de mal a pior: a atuação e o roteiro da peça estavam um desastre! O que forçou a senhora Donovan, com o aval do diretor Malcolm, a contratar um diretor da Broadway para coordenar a peça do seu lado. É claro que isso a tinha deixado uma pilha de nervos, que estavam sendo descontados nos alunos.

Chloé jamais entenderia as prioridades daquela escola, estava fora da alçada dela, mas era totalmente previsível: Cambridge era um colégio de elite, as famílias queriam um espetáculo e era isso que elas teriam.

O diretor Malcolm não media esforços para manter os pais, principalmente os das famílias fundadoras, satisfeitos com o desempenho dos filhos na escola e as peças e eventos promovidos pela Cambridge High School sempre gozavam de muito luxo, o que explicava o preço abusivo da mensalidade.

— Vocês não conhecem uma coisa chamada horário? — O tal diretor da Broadway, Jean-Marc Natel, ralhou com os alunos, que assim como Chloé , entravam apressados no elegante auditório.

O homem estava vestido da cabeça aos pés no tom mais chamativo de verde e forçava um falso sotaque francês.

— Era só o que me faltava! Adolescentes… — ele apalpou um lenço (verde) em sua testa suada, enquanto senhora Donovan mantinha um sorriso amarelo no rosto, tentando não o desagradar mais ainda.

— Eu espero que vocês conheçam o mínimo de arte… — começou a andar de um lado para o outro no palco, enquanto alguns alunos ainda se acomodavam nas cadeiras.

— E tenham tido pelo menos a decência de ler o livro. — Olhou para cada um deles por cima do ombro e pareceu demorar seu olhar sobre Chloé , ou pelo menos essa foi a impressão que a garota teve.

— Então…! — Bateu sua bengala no palco, fazendo algumas pessoas pularem de susto.

— Quem é o meu senhor Archer? — Perguntou e Finn se levantou timidamente, levantando o braço esquerdo.

Even if i die | Finn WolfhardOnde histórias criam vida. Descubra agora