YOUR MASK - jikook

22 - lost

Sem rumo. Sem direção. Sem objetivo.

Jungkook olhava para os próprios pés, desnorteado, desorientado. Se via mais uma vez como naquele dia, andando com suas roupas encharcadas até sua casa. Passaria a semana em casa, assim como a diretora havia lhe dito para fazer. Mas o que faria?

Em toda sua vida, Jeon nunca soube o que queria fazer.

Sempre pensava no momento em que encontraria Taeyong. Como seria, qual seria sua reação, o que diria, o que fariam juntos. Era fácil pensar nisso. Pensar em tudo o que faria por ele. Faria tudo o que ele pedisse, iria para todos os lugares que ele quisesse.

Imaginava que tipo de pessoa ele havia se tornado. Qual rumo tomou em sua vida? Um médico? Policial? Atleta? Eram tantas as possibilidades, e em todas elas, Jungkook o apoiaria. Pensar em vê-lo, pensar em reencontrá-lo e em como seria, tudo isso o deixava nervoso, ansioso, mas feliz. Tudo isso o sustentava.

Sem perceber, seu amor e amizade se tornaram não apenas uma obsessão, mas uma dependência.

Jungkook cresceu, mas nunca conseguiu seguir em frente, nunca seguiu com sua vida, ele não sabia como fazer isso. Como viver como si mesmo, sem saber quem você é?

Todos têm sonhos e objetivos de vida. O único objetivo de Jungkook era o encontrar. Com o passar dos anos, gradualmente ele percebia que talvez fosse impossível, talvez Taeyong estivesse fugindo dele, talvez Tae tenha seguido em frente, diferente dele. Isso o machucava, mas não machucava tanto quanto descobrir o que realmente aconteceu. Doía ainda mais porque, mesmo que profundamente, em seu coração, ele já sabia.

O olhar de sua mãe ao ouvir ele perguntar sobre Taeyong, todas as vezes que Namjoon o alertou. Estava à sua frente o tempo inteiro, mas ele se recusou a ver, porque sua vida dependia daquilo.

Por este motivo, quando chegou em sua casa naquele dia chuvoso, e em todos os dias que tentou viver para si mesmo, tentando curar suas feridas, curar seu coração, Jungkook se viu desamparado, sem rumo. Ele sabia que não conseguiria viver para si próprio.

Sua vida inteira tinha sido ajudar Taeyong, ajudar Namjoon, ajudar Jimin.

Ele não conseguiria ir embora e deixar tudo aquilo para trás, não conseguiria seguir com sua vida, porque ela estava acabada de qualquer forma.

Se ele não poderia ajudar Taeyong, deveria fazer de tudo para ajudar Jimin. Ele não podia ir embora.

Por isso ele deu um passo à frente, vendo aquela flor jogada aos seus pés, despedaçada, danificada, era irreversível.

Ele pegou cada uma daquelas pétalas, segurando-as em sua mão. Seis pétalas azuis em sua palma. Pegou a flor em seguida, ainda estava resistindo apesar de tudo. Uma pétala restava nela. Não era irreversível, ainda havia esperança.

Com um caminho traçado em sua mente, Jungkook sabia o que deveria fazer a seguir.

Olhou para o hospital, vendo que a diretora saia dele, ela não o viu naquele canto isolado, apenas pegou seu carro e saiu do local. Jungkook respirou fundo, seguindo sua direção.

Como todos os dias, ele voltaria ao hospital.

🌱

Na manhã de sexta-feira, Jimin se levantou ao ouvir o toque de seu celular.

Esfregou seus olhos vermelhos, fechando-os, tentando aliviar a dor que sentia neles. Olhou para o teto, suspirando. Ele não havia tido pesadelos naquela noite. Não havia dormido naquela noite.

Pela manhã o sono o atingiu por poucos minutos, mas mesmo com seu corpo adormecido, sua mente e alma continuavam despertos.

Ouviu o toque do celular mais uma vez e estendeu a mão, alcançando-o finalmente.