*Capítulo 16*

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Maya

Maya: Eu não quero dar nenhum problema pra você, Espeto. É melhor eu ir embora antes que o Madrugadão descubra que eu tô aqui e venha te cobrar. - Falei enquanto colocava as poucas roupas que eu trouxe dentro da mochila.

Espeto: Relaxa. Até agora ele nem sabe que tu tá desaparecida, só quem tá ligado disso é o Laranjinha. E mesmo assim, eu não dei motivo nenhum pra eles desconfiarem de mim. - Deu de ombros e se sentou na minha frente.

Maya: Mas e se eles descobrirem?

Espeto: Aí nós dois morre junto, olha que linda a nossa amizade. - Riu e eu bati no braço dele.

Tô aqui na Rocinha já fazem duas semanas. Até agora foi tranquilo, ninguém me ligava até por que ninguém sabia meu número novo. Eu não saia da casa do Espeto pra nada, e ele trazia comida pra mim e ficava comigo quando não estava nos corres dele.

Mas aí hoje, ele chegou e me contou que a Luísa veio aqui no morro e o Laranjinha perguntou sobre mim. Se fosse só isso, eu nem estaria tão preocupada. Mas ele me disse que corre o risco de cobrarem ele se descobrirem que ele me escondeu aqui, por que ninguém de fora pode entrar durante esses dias.

Eu me desesperei na hora e comecei a arrumar as minhas coisas enquanto o Espeto tentava me deixar mais calma e me falava que não ia adiantar nada, por que de qualquer forma, eu não podia ir embora assim de dia por que todo mundo ia perceber. Então teria que ser mais planejado, e de preferência de noite.

Espeto: Tu tem lugar pra ir? - Neguei com a cabeça e suspirei.

Maya: Eu não vou voltar pra casa dos meus pais.

Espeto: E tu vai pra onde então, garota rebelde? - Eu ri.

Maya: Não faço ideia, mas depois eu vejo isso aí.

Espeto: Você vai ver isso depois? Aí nesse tempo tu vai morar onde, na rua?

Maya: Não sei, homem. - Ele negou com a cabeça e respirou fundo. - Eu tô sem dinheiro por que minha mãe pegou todo o resto se não eu pagava por um quarto em uma pensão, ou sei lá.

Pensei se tinha algum outro lugar que eu poderia ir, mas realmente não tinha. Não vou ficar na casa da minha mãe e nem no apartamento do meu pai. E eu não tenho algum outro familiar ou amigo pra me ajudar, só o Espeto mesmo. Mas eu não quero causar problemas pra ele, então acho melhor eu sair daqui e parar de envolver ele nas minhas coisas.

Espeto: Se liga, tu vai fazer o seguinte. - Olhei pra ele. - Amanhã bem cedo mermo, eu vou te deixar na entrada do morro, esse horário os cara tá trocando de plantão na boca então é mais suave, aí...- Interrompi.

Maya: Tá, mas pra que?

Espeto: Espera eu acabar de falar né caralho. - Revirei os olhos e esperei ele continuar falando. - Depois disso, tu vai esperar uns dez minutos e vai subir de novo. Os cara que fica na entrada do morro vai perguntar o que tu tá querendo por aqui tão cedo, e tu vai falar que quer falar com o Madrugadão, se ligou? Eu tenho que te deixar lá em baixo pra não correr o risco deles descobrirem que tu já tava aqui, se não nós dois vamo ser cobrado. Então vamos fazer parecer que tu chegou no morro naquela hora.

Maya: Ok, mas você tá ficando doido? Eu não vou falar com aquele cara não.

Espeto: Me escuta, Maya. - Respirou fundo. - Tô tentando te ajudar, garota. Mas tu complica demais.

Maya: Eu não quero falar com esse cara, é sério.

Espeto: Mas vai ter que falar, ou tu prefere morar na rua?

Maya: Prefiro. - Brinquei e ele revirou os olhos. - O que eu vou falar? Por que eu não acho que ele vai querer me ajudar não.

Espeto: Não custa tentar. - Deu de ombros. - Fala que tu quer alugar um barraco por aqui, se ele tiver de bom humor, ele deixa tu ficar e arruma um rapidinho.

Maya: E se ele tiver de mal humor?

Espeto: Aí ele só vai mandar você dar meia volta e falar que não vai arranjar porra nenhuma pra tu. - Riu. - Quanto a isso, relaxa. A gente só tem que ficar de olho pra ninguém ver tu saindo daqui, tá ligada?

Maya: Entendi.- Balancei a cabeça concordando.

Não sei se esse plano do Espeto vai dar certo, mas não custa nada tentar. Já não tenho nada a perder. Só tô torcendo pra ninguém descobrir que eu já estava aqui, e que não aconteça nada com ele.

Não vou negar que tô morrendo de medo daquele Madrugadão fazer alguma coisa comigo. O cara é todo neurótico por pouca coisa, se ele desconfiar de alguma coisa, eu e o Espeto vamos estar fudidos.

Mas se ele deixar eu ficar aqui vai ser muito melhor pra mim. Eu realmente não quero voltar a morar com nenhum dos meus pais, e pagar por uma casa ou apartamento na pista é caro demais pra mim. Se eu conseguir ficar aqui, talvez eu consiga ter uma vida longe de todo o inferno que é a minha família.

Espeto: Ei. - Me chamou e segurou meu braço me puxando pra um abraço. - Fica tranquila, vai dar tudo certo.

...

Atração Fatal  [M] - L7NNONOnde histórias criam vida. Descubra agora