📍 Rocinha, Rio de Janeiro
"Agora é só pensamento e mais nada
Jurou que ia ser diferente
Eu não acredito em conto de fada
Hoje sei que quem jura mente..."
Revirei os olhos pela quinta vez enquanto escutava a Luísa bater e gritar pra eu abrir a porta.
Peguei um short jeans e um top e vesti, calçando meu chinelo logo depois por que eu odeio calçar tênis. Fui na minha gaveta e peguei uma nota de cem, e depois escondi o resto do dinheiro de novo.
Coloquei o dinheiro por dentro do meu sutiã e destranquei a porta, quando eu ia sair, a Luísa me barrou.
Maya: Quié?
Luísa: Pô Maya, tô te chamando faz mó tempão.
Maya: Ih menina, nem escutei. - Me fiz e ela suspirou.
Luísa: Tem como você me emprestar cinquenta reais? - Balancei a cabeça negando. - Ela tá precisando de mais remédios, cara.o
Maya: Ela tá precisando de um psicólogo e se pá um hospício! - Me virei e tranquei a porta. - Cuidado que daqui a pouco você também vai estar precisando hein.
Luísa: Por favor, é só dessa vez.
Maya: Só dessa vez é o caralho, Luísa! Para de ficar alimentando esse vício doentio dela.
Ela não me respondeu e foi melhor assim. Passei reto e nem olhei pra cara dela é da mulher que diz ser minha mãe.
Era sempre a mesma coisa, minha mãe gastava todo o dinheiro dela com remédios e quando acabava, corria pra Luísa. E como a Luísa é otária, também dava todo o dinheiro pra nossa mãe continuar alimentando esse vício dela.
E quando acabava o dinheiro da Luísa, nossa mãe fazia de tudo pra conseguir pegar o meu dinheiro e comprar mais e mais remédios. Quando não conseguia, fazia chantagem emocional com a minha irmã pra ela vir e tentar me fazer mudar de ideia.
Eu posso ser tudo, mas idiota não.
Por muito tempo eu também caia nesse papinho da minha mãe de "eu tenho traumas e problemas psicológicos e preciso de remédios". Mas com o passar dos anos eu percebi que isso tinha virado um vício dela, ela não tava tomando mais por conta dos problemas. Mas sim por conta da necessidade.
Então eu simplesmente parei de dar dinheiro pra ela. Mas não adianta, ela sempre arruma um jeito de conseguir mais e mais. E a Luísa fica deixando por dó.
Peguei o elevador e desci até o térreo, depois sai do prédio e entrei no carro do Uber. Não demorou muito pra chegarmos a praia. Paguei ele e sai do carro, me sentei no banco e fiquei esperando o Espeto chegar.
Quando ele chegou, veio até mim. A gente fez o nosso toque e sentamos na areia.
Espero: Vai querer o que hoje? - Disse e abriu a mochila mechendo nas coisas.
Maya: Quatro gramas. - Ele assentiu, pegou e me entregou. - E um pino.
Espero: Tu não ia parar de usar esse bagulho, Maya? - Dei de ombros
Maya: Mas eu já tô parando. - Ele me olhou desconfiado. - Ih garoto, é sério. Tô usando bem menos.
Espeto: Aham.
Maya: Me dá isso logo, homem. - Peguei o pino e a maconha da mão dele e guardei.
Espeto: Se liga garota, para de usar essas coisas hein. - Revirei os olhos. - Vou parar de vender pra tu, quero ver tu subir o morro lá pra comprar.
Maya: Você não vai fazer isso, cê me ama.
Espeto: Meu pau. - Eu ri. - Aí, mas falando nisso, vai rolar um baile lá no morro. Vai ser aberto pra geral ir mermo, por que tu não vai?
Maya: Lá na Rocinha? - Ele assentiu. - Não sei, nunca fui lá.
Espeto: Tem sempre a primeira vez, pô. - Deu de ombros, pegou um cigarro e acendeu. - Se tu quiser eu te busco, ou nós encontra lá.
Maya: Vou ver, se não tiver nada pra eu fazer, eu vou.
Espeto: Nunca tem nada pra tu fazer, tu é desempregada.
Maya: Vou te descer o cacete, garoto. - Ele riu.
Espeto: Me avisa antes se tu for. - Assenti.
...
* Esse capítulo foi todo reescrito, porém o contexto é o mesmo!
• Ruan, 27 anos • ( Vulgo Espeto )
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