*Capítulo 7*

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Maya

Já era a quinta vez que eu ligava pro Espeto, e nada dele atender. Tava começando a ficar puta e ainda por cima a Luísa falando na minha cabeça que queria ir embora

Luísa: Vamo embora, outro dia a gente volta. Tu nem tá conseguindo falar com o cara e nem sabe andar nessa favela. - Revirei os olhos e puxei ela pelo braço.

Maya: A gente se vira. - Ela me olhou esquisita. - Não dá em nada, a gente arruma um jeito de achar onde é o baile. Só ir perguntando pras pessoas e tranquilo.

Luísa: Meu Deus, eles vão sacar de cara que a gente não é daqui.

Maya: Idai mulher?

Luísa: E se eles pensarem que a gente é X9, sei lá? Eu não quero morrer. - Ri dela que tava com uma cara de espantada. - Para de rir de mim, é sério.

Maya: Fica tranquila, não vai dar nada. E se der é pouca coisa.

Luísa: Olha, eu nunca mais sigo você pra lugar nenhum. - Quando estávamos entrando em um beco apareceu um cara atrás de nós e a Luísa apertou minha mão. - Pai nosso que estais no céus...

Maya: Garota, deixa de ser feia. - O moço que tava lá atrás riu olhando pra gente. - Tá rindo do que, meu filho?

Xxx: De vocês duas aí pô. - Continuou rindo. - Tão achando que é subir na favela que vai morrer?

Luísa: Não é assim. - Ele encarou ela. - Olha, eu vi no jornal as meninas que subiram o morro e foram mortas. - Eu e o carinha começou a rir dela.

Xxx: Fica mec, os cria daqui é tranquilo. Mas tu tá cheia de medo aí, tá devendo?

Maya: Não, é que ela não é acostumada.

Xxx: E tu é? Mó cara de paty do Leblon. - Fiz uma expressão de indignada. - São de lá, num é?

Maya: Num interessa pra você. - Ele assentiu. - E tu é quem?

Xxx: Laranjinha, e tu?

Maya: Pelo amor, o cara com vulgo Laranjinha não tem credibilidade nenhuma. - Ele se fez de ofendido e a Luísa riu.

Laranjinha: É por que é bom pra chupar, tá ligada? - Olhou pra Luísa com uma cara estranha.

Luísa: Eu tô com um spray de pimenta. - Encaramos ela. - Fica no teu canto.

Maya: Tá brincando, né?

Luísa: É lógico que não, você acha mesmo que eu vou sair de noite sem nenhum tipo de proteção?

Laranjinha: Caralho, parece maluca. - Falou ajeitando o boné e veio pra perto da gente. - Tão indo pra onde?

Maya: Pro baile, leva a gente. Aproveita que tu tá desocupado.

Laranjinha: Folgadona menor. Vou levar ninguém não, me segue se quiser. - Passou na nossa frente e fomos seguindo ele.

Luísa: Pra onde esse homem tá indo, Maya. Pelo amor de Deus. - Falou baixo.

Maya: Não faço a mínima ideia, vamo orar que ele tá indo pro baile. - Assim que eu falei, chegamos em uma rua e começamos a escutar o som alto e eu sorri. - Viu? Nem foi tão ruim assim.

Luísa: Meu Deus, eles estão armados. - Disse olhando pra uns carinhas que estavam com fuzil pendurado na bandoleira.

Maya: Mas eles são bonitinhos, vai. - Ela me olhou assustada. - Ah Luísa, esquece da vida um pouco.

Luísa: Vou esquecer da minha vida, quando eu tiver morta né. Sangue do cordeiro...

Laranjinha: Querem alguma coisa?

Maya: Tu vai pagar? - Ele assentiu rindo. - Quero um espetinho.

Laranjinha: E tu?

Luísa: Quero nada não. - Virou a cara pra ele.

Laranjinha: Fala o que tu quer moça, tô fazendo bondade pra agradar vocês e tu nessa.

Luísa: Um refri. - Eu ri.

Maya: Cê vai beber refrigerante em um baile?

Luísa: Será que eu posso ter uma escolha própria? Cruz credo.

Laranjinha: Bora lá comigo. - Pegou na mão da Luísa que fez uma careta olhando pra mim.

Maya: Vai lá. - Puxei ela de canto. - Ó se for pegar ele, traz meu espetinho primeiro.

Luísa: Não vou pegar ele, se toca. - Falou e saiu dali acompanhando ele e foram na barraquinha.

Olhei ao redor. Normalmente eu não costumo vir nesses bailes, eu sou mais umas festas mais fechadas e pá.

Mas até que curto, só não gosto de muita gente se esfregando em mim, chego a ficar sem ar.

Arrumei um canto ali, onde tinha umas monas dançando e comecei a dançar com elas, que por incrível que pareça nem me estranharam. Até começaram a trocar ideia comigo.

Em alguns momentos eu via alguns caras me encarando, mas nem liguei muito. Olhei ao redor procurando a Luísa, mas não encontrei. Já devia tá pegando o mano Laranja.

Peguei meu celular e vi uma mensagem do Espeto, falando que tinha me visto do camarote. Olhei pra cima procurando ele, mas nem achei. Fui até lá mas um cara não deixou eu passar.

Maya: Licença moço, cê tá me atrapalhando.

Xxx: Pode entrar aqui não, mina.

Maya: Eu tô com o Espeto. - Ele me olhou estranho e foi pra um canto falando alguma coisa no radinho.

Burro demais esse cara. Enquanto ele tava ali no canto falando no rádio, eu subi as escadas indo pro camarote.

Se eu achava que lá na pista já tinha homem armado, foi por que não tinha visto aqui primeiro.

Só homem com porte grande. Mas aqui em cima não tinha tanta coisa, lá em baixo era geral curtindo, dançando, bebendo e os caralho. Aqui é só umas mulheres se esfregando em uns caras de cintura ignorante enquanto eles tavam ignorando.

Fui andando pra ver se eu encontrava o Espeto, mas nem tchum, acabei esbarrando num moreno, alto. Todo trajado.

Ih ala, gosto.

...

Atração Fatal  [M] - L7NNONOnde histórias criam vida. Descubra agora