*Capítulo 2*

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Madrugadão

Cheguei na boca rapidinho e estacionei minha moto ali no canto do beco, e fui cumprimentar os caras. Laranjinha já chegou me dando um tapão na nuca.

Madrugadão: Qual foi, filho da puta. - Meti o soco no braço dele que riu.

Laranjinha: Era pra ver se tu tava esperto, vacilão. - Riu passando a mão no lugar que eu tinha dado soco. - Se fosse um tiro tu tava morto, neguin.

Madrugadão: Brinca muito. - Neguei com a cabeça. - Teus corres tu não tá fazendo, né?

Laranjinha: Ih pô, que isso. Tava desenrolando com os menor do carregamento das drogas agora mermo.

Madrugadão: Já acabou? - Ele negou.- Então tu não fez porra nenhuma.

Laranjinha: Vai lá fazer então já que tu é o brabo.

Madrugadão: Folgado pra caralho. - Desenrolei com ele e vimos o Acerola chegando.

Laranjinha: Alá, o pai de família. - Gastou com a cara dele que mandou dedo.- Bom dia.

Acerola: Boa noite. - Passou a mão no rosto. - Tô cansadão, papo reto...porra, ônibus lotadão. Geral fedendo e soando em mim, cara.

Laranjinha: Essa é a vida de trabalhador meu aliado. - Se apoiou no ombro do Acerola.

Madrugadão: Implicância da porra, deixa o cara. - Acerola assentiu tirando o braço do Laranjinha do ombro dele.

Acerola: Otário é quem tá nessa vida de vocês aí.

Laranjinha: Vou chorar gastando minha meta, amanhã no baile. - Fez uma dancinha e o Acerola negou.

Madrugadão: Papo é esse de baile? - Ele me olhou. Geral tá ligado, não curto muito baile. Na real prefiro nem fazer, por mim na minha favela nem teria essas coisas. Atrai atenção demais, vem pessoas de fora e nunca se sabe a intenção de ninguém. Quem gosta de fazer essas porra é o Laranjinha.

Laranjinha: Ah coé, eu mereço pô.

Madrugadão: Tu merece um retão na cara, tem que me avisar os bagulho primeiro.

Laranjinha: Tenho nada, sou o patrão também. - Ficou dançando ali.

Acerola: Retardado. - Bateu no Laranja que ficou pianinho. - Vou cola na goma. - Fez o toque comigo e com os caras e foi embora.

Acerola e o Laranjinha é meus mano desde que tô nessa vida, tá ligado? Os menor me fortaleceu sempre, conheci eles logo quando eu fugi da Febem. Sempre me ajudaram dou valor pra caralho.

Laranjinha: Duas criança pro mano cuidar em casa. - Balançou a cabeça.

Nem era mentira, Acerola engravidou uma mina de 15 anos. Pai da garota expulsou ela de casa e os caralho tudo, aí o mano teve que se virar no bagulho. Começou a trabalhar, a mina também trabalha e ainda estuda. Foda pô, mas é burro parece que não controla a piroca e já saí gozando.

Madrugadão: Vai cuidar da sua vida. - Xinguei ele.

Laranjinha: Esse baile vai ser brabo, já dou o papo. - Falou me dando o baseado e o isqueiro. - Altas mina da Sul vai colar. - Esfregou as mãos sorrindo animado.

Madrugadão: Vai otário, pegar Paty é só k.o. - Neguei acendendo o Beck. - Tu vai amanhecer com o pai da mina chamando a polícia pra tu.

Laranjinha: Tudo é no sigilo. Uso até meu nome falso. - Riu.

Madrugadão: Cala a boca e vai fazer teus bagulho. - Virei entrando na casinha e fui pra lage.

Visão daqui de cima era inexplicável, mané. Dá pra visualizar a favela inteira, mó paz quando não tá em guerra. Fumar um e ver isso aqui é uma das poucas coisas que me dá tranquilidade. Tu esquece dos problemas e fica marolando ali legal, sem pensar em nada nem ninguém...

...

Atração Fatal  [M] - L7NNONOnde histórias criam vida. Descubra agora