Capítulo 4

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"Oh, meu Deus..." Ariana murmurou ao ver a cena que se estendia à sua frente. O corpo do rapaz, colega dela, encontrava-se no chão, sem cor nem vida, os lábios sem cor entreabertos. A rapariga tinha os olhos arregalados, inconscientemente. Não conseguia deixar de associar este estranho e horroroso acontecimento ás mortes de que falavam os jornais.

"Será que a escola é um sítio seguro depois do que aconteceu aqui?" Joel perguntou, obtendo como resposta um simples encolher de ombros e um olhar de preocupação, afinal, nenhum dos dois sabia responder à pergunta que ele acabara de fazer.

Uma suave comichão fez-se sentir no misterioso corte de Ariana e, ao olhar para o curativo improvisado que fizera no dia em que se cortou, reparou numa luz que atravessava o tecido da ligadura. A rapariga fechou e abriu os olhos, achando que estava a alucinar, mas nada mudou, a sua mão estava, de facto, a brilhar. Assustada, escondeu a sua mão dentro do bolso do casaco para que ninguém reparasse no que estava a acontecer.

Mas o que é isto agora, pensou para si mesma. Ariana sentia-se cada vez mais confusa, havia cada vez mais perguntas para as quais ela não tinha qualquer resposta ou explicação e era tudo culpa de Patrick! Afinal, tudo tinha começado no dia em que o encontrou caído no chão. Precisava urgentemente de resposta, mas como é que as iria conseguir sem ter que explicar a alguém o que se estava a passar com ela? Ia a acabar por parecer louca. E não se podia esquecer do facto de que nem ela sabia exatamente o que é que se estava a passar.

...

"Vá lá, Ari!" Sara insistiu após um dia de aulas que, segundo Ariana, tinha sido como que o dia mais longo de toda a história. Um silêncio assustador e desconfortável pairou durante todo aquele dia. Ninguém tinha grande vontade de sorrir ou até de falar, depois do que acontecera naquela manhã. Nem mesmo os professores estavam a conseguir manter a concentração.

"Não sei se tenho cabeça para esse tipo de coisas depois do que aconteceu hoje."

"É só uma ida às compras, Ari. Além disso, é precisamente por causa do que aconteceu hoje na escola que devíamos ir. Ultimamente, têm acontecido tantas coisas estranhas que acho que nos ia fazer bem algo assim, fazer qualquer coisa normal para tentar esquecer tudo isto."

"Está bem, conseguiste convencer-me. Vamos lá então..." Ariana respondeu, deixando que um suspiro de derrota escapasse por entre os seus lábios.

Sara sorriu vitoriosa e, rapidamente, fez o caminho até ao seu carro. Ariana seguiu lentamente, perguntando-se como é que a amiga conseguia sempre levar a sua avante. Talvez porque Sara tinha sido a sua única, verdadeira amiga desde que se tinha afastado de Joel. Ou talvez porque Ariana sabia que os pais de sara raramente estavam em casa, sendo que ela e Julieta, a empregada da casa, eram a sua única companhia.

Ariana sabia o quanto custava sentir-se sozinha na sua própria casa, pois fora assim que se sentira durante todo o tempo que a sua mão andou nas buscas pelo seu irmão. Embora quisesse a todos o custo que encontrassem o seu irmão mais velho, não podia deixar de sentir, naquela altura, que também tinha perdido a sua mão naquelas buscas por uma pessoa que Ariana já tinha perdido a fé de encontrar.

"Uau, Ariana, olha só!" Sara exclamou, o entusiasmo moldando o seu tom de voz. "Vou estacionar já aqui para poder ir ver o que é aquilo."

"Estás a falar de quê?" Ariana perguntou, confusa.

"Ali."

Ariana olhou na direção que sara apontava, a entrada do centro comercial, w percebeu a que se devia o seu entusiasmo e curiosidade. Um grupo de pessoas vestidos apenas de preto entregavam panfletos a quem por eles passavam, dando uma breve explicação sobre do que se tratava, ou simplesmente entregando-os aos mais apressados, quase sem tempo de 'boa tarde' dizerem. Pareciam, por aquilo que Ariana podia observar, pouco mais velhos do que as duas, mas os seus rostos tapados com máscaras tornavam a tarefa de adivinhar as suas idades um pouco mais difícil.

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