No dia seguinte, Ariana enrolou o punhal numa camisola velha que tinha e colocou-o dentro da sua mochila antes de ir para escola. Tinha que se livrar daquele objeto estranho, antes que alguém a acusasse de ter esfaqueado Patrick. Já se tinha sentido como uma suspeita no dia em que escondeu o punhal a pedido do rapaz e no dia em que foi à esquadra prestar declarações, emitindo, obviamente, a parte em que talvez tivesse a arma do crime em sua casa.
Patrick apareceu na sala de aula alguns minutos depois de já todos terem entrado, sentando-se na mesma mais afastada de todos, ao fundo da sala, afinal, para ele, quanto mais longe dos humanos melhor. Ariana reparou, nesse momento, que o rapaz não trazia consigo nenhuma mochila, o que ia tornar a sua tarefa um pouco mais difícil.
Mas não ia desistir.
"Ariana, o que é que achas de fazermos o trabalho de grupo juntas?" Sara perguntou ganhando um olhar de confusão.
"Estás a falar de quê exatamente?"
"Do trabalho de grupo que estamos a falar desde o início da aula, mas parece que não estavas a ouvir."
"Desculpa."
"Aposto que estavas a pensar no rapaz de ontem no centro comercial."
"Não." Ariana olhou de relance, vendo que a professora estava a olhar para as duas. "Esquece, depois falamos."
Ariana passou o resto da manhã de aulas a tentar concentrar-se no que os professores diziam e a tentar esquecer o que carregava na sua mochila.
Após o toque da campainha para a hora de almoço, Ariana seguiu Sara até ao refeitório, onde se sentaram com três amigas de Sara. Embora fossem as cinco da mesma turma, e almoçassem juntas quase todos os dias, Ariana não as considerava suas amigas pelo simples facto de que raramente lhe dirigiam a palavra. Não que Ariana se importasse, pois não tinha paciência para o tipo de conversas superficiais que elas tinham. Era por essa razão que ela as apelidava, secretamente, de 'as amigas da Sara'.
Ariana olhou à sua volta numa tentativa falhada de encontrar Patrick. Mentalmente julgou a sua ação. Já deveria saber que Patrick nunca iria usar o refeitório. Aliás, se pensasse bem no assunto, nunca o tinha visto com ninguém, nem a falar com quem quer que fosse. Das poucas vezes que o vira, estava sempre sozinho. Afastado.
De repente, Ariana lembrou-se de que iriam ter aulas na mesma sala durante o resto da semana, pelo que só teria que deixar o punhal no sítio em que ele se iria sentar, o que também não era muito difícil de adivinhar, visto ser sempre o mesmo.
"Onde é que vais?" Sara perguntou ao ver a amiga levantar-se repentinamente.
"Huh... lembrei-me que tenho que ir à biblioteca."
"Ok. Até já então."
"Até já."
Ariana rapidamente fez o caminho até à sala de aula, mas, quando tentou abrir a porta, lembrou-se que eram todas trancadas, visto que a maior parte dos alunos acabavam por deixar as suas coisas dentro das salas durante a hora de almoço.
"Ei! O que é que estás aqui a fazer?" Um dos seguranças recentemente contratados pela escola perguntou.
"Huh... deixei o meu telemóvel na mochila e... a minha mãe tem ligado sempre a esta hora para saber se está tudo bem comigo." Mentiu.
"Não podes falar com ela mais tarde?"
"Ouça, se eu não atender a chamada dela, o mais provável é que daqui a uns dez minutos estejam aqui os bombeiros, INEM, polícia e talvez até dois ou três detetives privados."
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A Marca do Obscuro
FantasyAriana era uma rapariga normal até encontrar algo estranho no meio da rua. Patrick, seu colega de turma, que tinha sido transferido alguns dias antes, encontrava-se no chão: tinha sido esfaqueado. Enquanto esperava pela ambulância, Ariana encontrou...