Capítulo 1

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Ariana

O dia de Ariana estava a correr bem, bem demais até, e ela estava a estranhar, mas a sua sorte estava para mudar. Saindo da escola quando já todos estavam em casa, Ariana encontrou Patrick um pouco mais à frente da entrada da escola.

Ariana parou de andar, assim que se apercebeu do estado em que Patrick se encontrava. O vermelho do sangue do rapaz era a cor predominante daquela cena horrorosa. Ele encontrava-se estendido no chão, a sua camisola com vários buracos da arma usada para o esfaquear.

"Oh meu Deus, o que é que eu vou fazer?" Ela perguntou a si mesma, entrando em pânico.

Com as suas mãos trémulas, Ariana tirou o telemóvel do bolso e marcou o 112 para chamar uma ambulância. Alguns segundos depois, ela já estava a falar com uma senhora e a descrever toda a situação.

Ariana aproximou-se de Patrick e ajoelhou-se ao lado dele, pousando a sua mochila no chão, tentando acordá-lo, com leves estalos no rosto, mas ele nem sequer se mexeu. Estava inconsciente. A rapariga estava incrédula com o facto de ele ter chegado apenas no dia anterior e já ter arranjado problemas.

Graves problemas, Ariana pensou.

Ou talvez ele estivesse no sítio errado, à hora errada.

Patrick tossiu, remexendo-se, e sangue saiu pela sua boca quando o fez. Ariana entrou em pânico por ver o rapaz naquele estado, mas ela não sabia o que fazer e estava naquele momento a amaldiçoar-se por não ter ido ao curso de primeiros socorros com a mãe.

"Patrick, estás bem?" Ela perguntou, achando-se estúpida por ter feito uma pergunta daquelas.

Assim que a voz de Ariana soou, os olhos de Patrick abriram-se mesmo sem vontade própria. Um arrepio atravessou o corpo de rapariga assim que os seus olhos azuis a fitaram com tamanha intensidade.

Era como se fosse o destino que quisesse que eles o tentassem matar só para ela aparecer ali, no mesmo sítio em que estava o Punhal.

"Ari..." Patrick parou quando tentou falar e a tosse o impediu, saindo mais do líquido vermelho pela sua boca.

"Shh... não fales, não fales..." Ariana disse, aproximando-se de Patrick e levando a sua mão ao seu rosto ferido. "Deus! Tu estás tão quente..."

"O punhal... leva-o!"

"O quê?" Ela perguntou, mas a cabeça de Patrick virou-se para o lado, indicando que ele estava de novo inconsciente.

Ariana limpou as lágrimas que começaram a cair no momento em que Patrick teve o ataque de tosse, sem que ela se apercebesse de tal. Os seus olhos percorreram o local e, talvez a menos de dois metros do corpo do rapaz, encontrou um punhal.

Então era isso que ele estava a falar, Ariana pensou.

No entanto, apesar de não haver ninguém ali perto e de Patrick ter gasto a últimas forças que lhe restavam para lhe pedir que ela ficasse com o punhal, ela não o podia fazer, era uma prova do crime, que poderia: a) descobrir quem havia esfaqueado Patrick e b) incriminar Ariana se ela pegasse nele ou o guardasse.

Ela não o iria fazer de modo algum e ela estava decidida, mas, então, porque é que as mãos dela se estavam a mexer em direção ao punhal e a pegar nele para que o pudesse guardar na sua mochila?

As sirenes podiam ouvir-se ao longe e Ariana apressou-se a ajoelhar ao lado de Patrick de novo para ninguém desconfiasse de nada.

O barulho das sirenes fez-se ouvir nos ouvidos de Patrick como se estivessem em segundo plano. Com bastante esforço, ele abriu os olhos de novo, encontrando os verdes de Ariana que olhava para ele preocupada e quase a chorar.

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