Passei os dois últimos dias inteiros treinando e estudando sobre armas. Como usá-las, carregá-las e em que momento cada uma seria útil.
— O pessoal de Sart não tem nenhum poder, né? — questionei enquanto mastigava minhas panquecas.
— Não, só Caleb. Mas em compensação, sempre tiveram armas poderosíssimas.
Durante os dois dias, tentamos contato com Francesco algumas vezes, mas sempre estava ocupado.
— Com licença, meninos. Acho que antes de irmos treinar, vou estudar um pouquinho os livros que peguei na biblioteca.
— Fique a vontade, Celly. — Kleen respondeu.
Já havia terminei dois, um em cada dia, já que eram curtos. Ambos tratavam de antigas civilizações que viveram em Plateno, teorias sobre a origem do planeta e sua total semelhança com a Terra.
A teoria mais aceita, segundo o livro “Estudos dirigidos por Alieb Brich sobre as semelhanças de Plateno e Terra” é de que ambos eram compostos por substâncias quase idênticas, mas como aqui não há um Sol como o do Sistema Solar, os seres evoluíram de maneira diferente.
Consegui, pela primeira vez, ver uma foto de Plateno tirada do espaço.
O planeta roxo era completo por finos anéis, alguns mais visíveis que outros, e na foto, também eram visíveis alguns pontinhos brilhantes por todo o corpo celestial.
Plateno lembrava a Terra em mistura com Saturno, e agora eu já tinha a certeza que poderia atualizar minha lista de planetas preferidos.Fechei a porta do quarto para poder me concentrar melhor na leitura.
Dessa vez, leria um livro com 900 páginas, intitulado “Pactos e rituais sagrados”.
Li as primeiras 20 em menos de 15 minutos, já que tratavam-se apenas de pequenas citações com a explicação de seu uso, como por exemplo: “para conseguir realizar um grande sonho, recite as seguintes palavras...”.
Era interessante, pois além dessas informações, alguns textos traziam também a origem, baseando-se nas crenças do povo daquela época.Exatamente na página 96, meus olhos quase saltaram para fora das pálpebras quando li as seguintes palavras:
“Pacto de amizade:
Eternizando o que possa ser efêmero.‘Juramos, perante a essa estrela, que independente do que aconteça, mesmo que outros amores não mais transcendam, nossa conexão ultrapassará galáxias.
Em nome da natureza, que esta amizade recrudesça, para que sejamos sempre uma para a outra uma fonte de fortaleza.’Deusas Allas e Ilénia, sob a luz da estrela Miris, juraram perenidade para vossa amizade.
Ambas continuam unidas na vastidão celestial, e agora, seguem eternizando amizades de forte ligação.”Meu corpo gelou. Esse “ritual” era o que eu fazia com Sofia todas as vezes que víamos um pôr-do-sol, mas sempre acreditei que fosse só mais um dos poemas que ela escrevia.
Mas como ela conhecia a citação de uma deusa de Plateno?— ESTELA! KLEEN!
Em uma fração de segundos, os dois entraram no quarto, assustados.
— Vocês conhecem a deusa Allas? Sabem de onde ela é?
— Ahh, sim, ela e Ilénia são as deusas da amizade. — Kleen respondeu — Por quê?
— Isso aqui, — aponto para o livro aberto em cima da cama — a Sofia dizia isso pra mim, era como se fosse um pacto nosso mesmo. Mas como ela sabia disso, se vem de uma deusa platequiana??
— Talvez seja alguma lembrança da sua vida passada que você acabou compartilhando com ela. — Estela comenta, e Kleen concorda com a cabeça.
— Não, quem me apresentou foi ela, eu nunca soube de onde vinha isso! — exclamei — Por favor, me digam que vocês não abduziram Sofia também. Eu tudo bem, mas a minha melhor amiga não. Eu não quero que ela corra perigo, quero que fique na Terra em segurança!
— Celly, acalme-se, Sofia nem nos conhece, isso também nos pegou de surpresa, é um fato bem estranho ela saber dessas coisas. Vamos investigar mais sobre, fique tranquila. — Estela disse.
Estava tão desesperada e preocupada que comecei a chorar, não sabia se estavam falando a verdade ou não, não entendia como aquele livro, especificamente a página 96, carregava algo que eu ouvi durante anos de minha melhor amiga.
Kleen pediu para Estela se retirar, e na tentativa de me tranquilizar, me deu um abraço apertado.
— Fique calma, vamos atrás disso. Sofia está bem, não se preocupe.
— Eu queria vê-la de novo, dizer que estou bem, por enquanto. — falei baixinho enquanto chorava encostada no peito dele.
— Logo menos, meu bem. Tente não pensar muito nisso agora, tá?
Depois de alguns minutos até eu conseguir me acalmar, Kleen foi para seu quarto se arrumar para o treino coletivo que teríamos.
Eu faria o mesmo se não fossem as batidas da minha porta. Pedi para que entrasse, e para minha surpresa, era Kyle.
Nós quase não nos vimos e nem conversamos desde a noite do beijo, já que passei dois dias inteiros treinando as armas e ele foi resolver coisas de sua “mudança” para a nossa casa.
— Ei, olha o que eu trouxe aqui nessa caixa. — ele carregava uma caixa verde embaixo de seu ombro, despejando o que havia nela na cama — É minha gatinha, ou melhor, minha gatoleta Dayla.
— QUE COISINHA MAIS LINDA!!!
Dayla era pequenina e muito dócil. Seu pelo, macio e colorido, a deixava como um arco-íris em forma de gata.
As asas, também pequenas, eram como as de uma borboleta.Ela começou a voar pelo quarto, enquanto eu e Kyle tentávamos controlá-la.
— Ela vai ficar com a gente? — perguntei quando Dayla finalmente acalmou-se.
— Vai sim, eu ainda estou pensando em um lugar bom para conseguir escondê-la durante a guerra. Se algo acontecer com ela, não sei o que será de mim.
— Vamos cuidar bem dela. — eu acariciava o pelo macio da pequena criaturinha enquanto a mesma dormia em meu colo — Preciso me arrumar e tô sem coragem de tirá-la daqui.
— Aah, Dayla já descansou bastante por hoje. Vem, pequenina. — ele a pega com delicadeza — Vou levá-la pro meu quarto. Até mais tarde, garota celestial.
Sorri para Kyle e levantei-me da cama para finalmente me arrumar.
A ideia de treinar com quase a metade de um planeta me deixava um pouco atordoada, mas mais que isso, pensar em lutar com uma civilização inteira quase fazia meu coração parar.
Faltavam apenas dois dias e cada segundo era mais do que valioso.
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Amor Transcendental
Fantasy[História Completa] Celeste Spellight é uma adolescente completamente apaixonada por astronomia, que por obra das estrelas (ou não), foi abduzida por dois irmãos extraterrestres para Plateno, um planeta quase igual à Terra, possibilitando-a de desco...