Capítulo 3

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Xie Lian acordou como se tivesse vivido um sonho.

Estava sozinho na cama, para variar, já que San Lang sempre saia cedo para resolver algo na cidade. Um dia tinha se passado, mas parecia nem real. Ao se levantar para tomar um chá na área externa revivia todos os momentos e de fato aconteceram. Tudo aquilo aconteceu. Será que são essas coisas que se espera de uma noite de núpcias, logo após o casamento?

O cheiro de ervas vinha de dentro de seu copo quente enquanto pensava. Ele entendia tão pouco sobre relacionamentos, muito menos sobre sexo. E agora, qual é o próximo passo? Ele se lembrava de uma história ou outra erótica que falava da relação entre homens e mulheres, mas muito pouco lembrava de ter visto entre dois homens. Muitos achavam que dois homens não deveriam se relacionar, que era abominável porque não poderiam gerar filhos. Isso se refletia ainda mais profundamente no mundo do cultivo. Os relacionamentos eram algo não recomendáveis no geral, mas havia alguns tipos considerados piores que outros. Fora do casamento, com mais de uma pessoa, de pessoas de cidades diferentes e, talvez o pior de todos, entre homens.

Era totalmente fora do espectro dele tais informações. Era um homem do cultivo, de batalhas, da família real. Não sabia como proceder nesses casos.

Eles deviam fazer essas práticas todos os dias? Ontem ele recebeu de seu companheiro então provavelmente hoje era seu dever como marido retribuir. Ele queria retribuir, já havia pensado em o fazer em outros momentos, mas sempre travava em sua imaginação. E, depois de retribuir, o que eles deveriam fazer? E quantas vezes ao dia? Como as pessoas conseguem ter uma vida normal com tantas responsabilidades matrimoniais?

- Bom dia, Vossa Alteza, Príncipe Herdeiro e meu marido. – Apareceu San Lang no jardim com uma sacola. – Trouxe pão. Quer para acompanhar seu chá?

Xie Lian acenou positivamente com a cabeça, apesar de saber que provavelmente esse pão veio de alguma invasão fantasma ao mundo humano. Não importava muito e os dois ficaram juntos ao ar livre.

- O que você hoje, San Lang?

- Hoje tem um festival de música lá na cidade Fantasma. Vamos?

Então os dois passaram o dia juntos e foram durante a noite na praça onde teria as músicas e todas os fantasmas dançavam alegremente. O clima era leve e descontraído e todos parabenizavam o casal que não havia completado ainda seu primeiro mês de casamento. Alguns homens e mulheres perguntavam como era viver com o Rei Fantasma e se divertiam com as histórias domésticas dos casados.

- Oxi, Beba um pouquin, Príncipe Fantasma! – Era assim que chamavam Xie Lian pela cidade. Ele não era nem fantasma nem príncipe do local, mas achava divertido o nosso apelido que ganhou.

- Não, eu nunca fiz isso. Estou adorando ouvir a música e acompanhar vocês. – O sorriso sóbrio de nosso Gege se contrastava a loucura que estava acontecendo na cidade. Não era hábito entre os cultivadores beber e acabou não tendo vontade depois de todos os anos. San Lang, todavia, pegava o saquê e bebia com muita naturalidade, sem ter muitas alterações de humor.

- Qué qué isso, Príncipe! Vais deixar seu marido beber sozinho? – Uma das fantasmas que servia as bebidas na festa. O som era alto e ela se aproximou de Xie Lian para falar em seu ouvido. – Tu vai ver que é supimpa para o seu casamento se soltar um pouquin.

Como estava muito barulho mesmo com o Rei Fantasma ao lado ele não conseguia ouvir a conversa entre os dois. Aquela frase havia mexido com Xie Lian. Também não já tinha acabado de fazer uma coisa que o seu método de cultivo não permitia? Então por que não?

- Está bem, mas ponha uma bebida fraca para mim, por favor. – Obviamente não foi isso que a fantasma fez, dando um saquê que estava entre o álcool etílico e o absinto para o nosso Gege. No começo Xie Lian estranhou o gosto forte, mas imaginou que era assim mesmo já que não tinha muitos parâmetros para bebidas alcoólicas. Quando San Lang percebeu que seu marido estava com um copo de bebida, este levantou a sobrancelha assustado.

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