Capítulo 04

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P.O.V. Kalliope

Acordei com a claridade do quarto e senti um peso estranho sobre mim. Quando abri os olhos, percebi que durante a noite a Luna meio que me abraçou.

Eu quase nunca abraço as pessoas nem de pé e acordada, imagina deitada e dormindo? Mas confesso que a sensação do corpo dela junto ao meu está muito gostosa.

Observo calmamente tudo que posso, pois sei que daqui uns dias minha realidade retornará e o conto de fadas voltará a ser o terror de sempre. Porém, enquanto o fim não chega, fecho os olhos e aproveito um pouco mais o conforto da cama e da companhia.

Quando estou começando a cochilar escuto uma voz feminina desejar bom dia, e com um susto e um medo danado me levanto rapidamente e corro para o banheiro.

O que a senhora Battista vai pensar de mim? Eu estava agarrada com a filha dela!

Ok, ela que se atracou em mim, mas isso não vem ao caso.

Enquanto me banho, começo a pensar em tudo de ruim que pode me acontecer se ela contar para o Rubens o que viu.

Minha vida é uma merda mesmo, eu nunca dormi tão bem assim, e agora vou levar um castigo horroroso por algo que nem foi minha culpa.

Saio do banheiro totalmente sem graça, e vejo Luna sozinha e mexendo na mala.

— Bom dia, linda! — ela me olha com cara de sono e sorri.

— Bom dia, pequena Ariel! — respondo assim só para irritá-la um pouco.

— Você vai continuar com essa história? Não é muito original, sabia? No colégio todo mundo sempre me chamou de Ariel.

Enquanto fala Luna vai se aproximando de mim, e quando me dou conta, estou encostada na parede e ela parada à minha frente, bem próxima.

Me perco nos seus olhos azuis e sem conseguir me segurar acabo pensando em um apelido.

— Alguém te chama de pimentinha?

Vejo que seus olhos brilham quando faço a pergunta e ela dá um sorrisinho de lado que mexe comigo.

— Não, nunca me chamaram de pimentchia não — a italiana tenta repetir a palavra que eu disse em português, mas pelo meu olhar divertido percebeu que falou errado.

— É pimentinha, e você vai ter que descobrir sozinha o que significa. A partir de agora, vou te chamar de pimentinha então. Ariel será apenas sua mãe.

— Gostei de ter um apelido exclusivo! Mas por que você não cria um apelido para minha mãe também?

— Ela sempre será a Ariel, porque quando vi seu pai pela primeira vez achei que era um príncipe, e a sua mãe uma princesa, então para mim eles são o Erik e a Ariel — respondo rindo e ela acha graça.

— Eles vão adorar saber disso! Agora vou tomar uma ducha bem rapidinho para a gente descer. Ah, e seu italiano já está melhorando — ela diz se afastando e dá uma piscadela pra mim.

Luna entra no banheiro e eu aproveito para arrumar a cama. Não é porque por enquanto não estou sendo a empregada da casa que vou abusar.

Ela sai já vestida e vamos para o primeiro andar atrás de algo para comer.

Para a minha surpresa, a senhora Laura e a mulher do Rubens estão sentadas à mesa nos aguardando, tentando conversar em um portunhol muito engraçado.

— Que bom que vocês desceram meninas, estou combinando com a Marília de passarmos o dia no shopping, o que acham?

— Depois podemos ir à praia, mamãe?

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