Capítulo 02

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P.O.V. Luna

A casa do senhor Rubens é realmente muito grande e bonita, mas o que me encantou de verdade foi a filha dele.

Bom, eu nunca observei com desejo uma mulher, pelo menos não até agora...

Eu já fiquei com uma menina do colégio, mas foi só por curiosidade mesmo, nunca me interessei por mulheres.

Será que eu sou lésbica?

Ou será que me encantei com a Kalliope por ela ser diferente?

Esse pensamento pareceu meio racista, mas juro que não é nada disso.

Uma vez alguns colegas tentaram humilhar um garoto negro que entrou na sorveteria em que estávamos, mas eu não deixei. Defendi o menino e briguei feio com meus ex-colegas, afinal não quero ser amiga de gente preconceituosa.

Acho a maior idiotice do mundo tratar as pessoas de forma diferente por causa da cor da pele, condição social, religião, ou porque gosta de pessoas do mesmo sexo.

É ridículo!

Somos todos seres humanos, e justamente o que nos diferencia é o que nos faz únicos! Não basta não ser racista, é preciso ser antirracismo.

Enquanto estou aqui divagando sobre tudo isso, percebo que a minha mãe está me olhando com aquela cara de "precisamos conversar, mocinha".

O que eu fiz? Acabamos de chegar, não deu nem tempo de fazer nada errado, ou deu?

Sorrio pra ela mostrando que entendi o recado, e ela retoma a tentativa de conversa com a esposa do Chefe brasileiro.

O olhar do filho dele sobre mim está me incomodando, é um homem estranho e não gostei dele desde o primeiro segundo ao seu lado.

O senhor Rubens também me dá calafrios, apesar de tentar demonstrar simpatia, já a anfitriã está completamente aérea. Será que ela está drogada?

A minha intuição nunca falha, acho que apenas a Kalliope é uma boa pessoa nessa família.

Tento prestar mais atenção no que está acontecendo e pelo que entendi da conversa, o senhor Júlio é o braço-direto do dono da casa e será o nosso tradutor, pois eles não falam inglês.

Será que eles não sabem que a filha sabe falar inglês, muito bem por sinal? Ou aqui no Brasil as filhas não podem participar da máfia?

Bom, isso não é da minha conta e a Kalliope ficar de fora das conversas é melhor porque assim ela pode ficar mais tempo ao meu lado.

A menina se aproxima e pergunta se quero descansar um pouco. Respondo que preciso apenas utilizar o banheiro e ela me acompanha até uma suíte no andar superior.

— Esse é o seu quarto, Kallie? Posso te chamar de Kallie? — a pergunto, que me olha assustada.

....Sim, quero dizer, sim, este é o meu quarto, e você pode me chamar como quiser — ela me responde parecendo nervosa.

— Nossa, ele é tão organizado e sério. Nem parece ser quarto de uma adolescente.

Kalliope fica ainda mais assustada e se vira para a porta da sacada, observando o mar.

— Prefiro assim, é mais prático.

— Entendi. Vou ao banheiro então.

Entro e mais uma vez acho estranho, não há quase nada de produtos de higiene, nadinha de maquiagens, cremes, hidratantes. Mais parece uma suíte de um hotel!

Utilizo o banheiro, lavo minhas mãos e saio.

Kallie está no mesmo lugar, olhando para o mar. Paro ao seu lado e faço o mesmo.

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