Capítulo 29

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Oi,

Boa leitura :)


Ela não dormiu.

Nem mesmo um segundo.

Sam deveria ter ligado, ela tinha esperado a noite toda.

Já era possível ver o sol nascendo através das cortinas.

Depois de deixar o telefone sobre a mesa de cabeceira na noite passada, Lena havia se deitado ao lado da filha, o nariz enfiado nos cabelos escuros da criança, e com seu corpo se curvando ao redor do corpo pequeno como se fosse uma armadura enquanto esperava.

Ela tinha quebrado e as lágrimas haviam deslizado por seu rosto até sumirem em meios aos fios do cabelo de Luna.

O ódio corrosivo que vivia dentro dela infectava tudo, e ela odiava tudo e todos, mas principalmente a si mesma.

Ela podia culpar sua mãe biológica por ter a deixado naquele inferno, podia culpar Lilian por não ter se levantar contra Lionel e deixado que ele destruísse Lex, podia culpar Lex por não querer ver a realidade diante de seus olhos, podia culpar vovô Joseph por ter permito que Lionel mandasse em tudo e em todos, e vovó Mary por ter afundado em sua própria dor, mas não podia culpar ninguém por suas próprias escolhas.

E ela havia feito a pior delas a mais de sete anos atrás e a cada minuto, a cada segundo ela batia em sua porta para esfregar na cara dela o quão irresponsável e egoísta havia sido ao trazer Luna ao mundo.

Ela a amava, meu deus, a amava com todo o seu ser, com tudo o que era, Lena faria tudo por ela, a amaria para sempre, mas nem todo amor do mundo podia fazer desaparecer ou mesmo esconder a mãe horrível que ela era.

Que mulher com pelo menos um neurônio trazia ao mundo uma criança para viver em um ninho de cobras e a maldiçoa a carregar o sobrenome Luthor para o resto da vida? A condena a viver em um lar onde a maioria das pessoas parecia achar que submissão e manipulação era amor?

Luna havia sido seu escape daquele inferno. Mas ela era muito mais do isso.

Era seu presente e futuro, o lugar onde sua mente podia descansar, uma fonte inesgotável de amor e aprendizado. Luna era sua fortaleza, ela era tudo.

No fundo Lena sabia que não se arrependia, ela nunca se arrependeria de tê-la, mesmo sabendo que deveria se arrepender.

Ela devia ter fugido quando terminou o colegial, não devia ter deixado Lionel a destruir com suas ameaças, não devia o ter deixado pisar sobre seus sonhos, ele havia a deixado em pedaços e ela havia permitido.

E então ela havia colocado a coisa mais preciosa de toda sua vida miserável ao alcance das mãos sujas dele.

Lena não sabia de quem mais tinha medo. Da desconhecida que estava dormindo no quarto ao lado ou do homem com quem havia crescido.

Ela havia passado horas olhando para as silhuetas dos móveis mal iluminados pela luz do abajur, tendo por companhia apenas a respiração suave da filha e os pequenos movimentos inquietos da menina contra seu corpo, um pequeno pé na coxa, um rosto escondido abaixo de seu queixo, um braço largado sobre seu pescoço, mas nenhum som veio do outro quarto, nem mesmo um ruído durante toda a noite.

Talvez ela tivesse ido embora. Talvez estivesse esperando o momento certo para atacar.

Saber se aquela mulher tinha ou não a maldita chave da porta havia a atormentado por horas e continuava a atormentando.

Se ela tivesse matado Kira, provavelmente ela teria.

Lena afastou uma mecha de cabelo do rosto de Luna com cuidado.

Operação LuthorOnde histórias criam vida. Descubra agora