✨ELEITA UMA DAS MELHORES HISTÓRIAS DE 2021 pelos embaixadores do Wattpad e finalista no The Wattys 2021✨
Depois de anos de guerra, a paz continua a ser uma linha tênue entre a ordem e a rebelião. Uma doença aparentemente incurável assolou o mundo e...
Uma palavra. Três sílabas. Seis letras. E uma lembrança sombria.
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Anna
Minha boca está seca; os olhos, úmidos com lágrimas não derramadas e os membros, trêmulos. Tusso com força, cobrindo a boca com a mão. Ela volta vermelha com meu sangue.
— Você acordou — o garotinho sussurra na cama ao meu lado.
Assinto e observo seu corpo magro demais. Ele está encolhido, abraçando os próprios joelhos. Nele as manchas brancas parecem mais vívidas, e as bolhas de sangue já começaram a se formar.
— Eu ouvi que conseguiram salvar você — ele constata —, que você vai melhorar.
— E você? — murmuro, engolindo em seco.
Ele nega, sua expressão infantil escurecendo.
— Seu tempo vai... — Começo, mas me detenho, sem coragem de dizer a próxima palavra.
— ...acabar — ele completa.
Um grito de raiva é abafado pelas paredes, seguido de um baque alto. Pulo de susto. Meu olhar se encontra com o de meu amigo.
Eles estão discutindo de novo, as palavras pairam entre nós.
— Sua mãe está irritada hoje. — Ele diz. — Acho que os experimentos saíram do controle.
O medo me percorre da cabeça aos pés. Mesmo nunca tendo visto seus experimentos, eu já os ouvi gritar. Os urros são tão altos e doloridos. Sempre tenho pesadelos com eles.
O garotinho tosse, e o sangue escorre por seus lábios. Seus olhos azuis têm sombras que dançam em suas íris. Sombras que o comem de dentro para fora. Ele me fita quando escutamos um segundo baque e estende a mão no espaço entre os dois leitos. Me inclino em sua direção, envolvendo seus dedos quentes de febre. Meu amigo sorri, um sorriso quebrado, mas que ainda assim é capaz de me confortar. Então ele faz uma careta, puxando as bochechas e colocando a língua para fora. Rio com vontade e pulo de meu leito para o seu.
— Eu vou sentir saudade — digo baixinho, abraçando seu corpo esquálido.
As lágrimas chegam seu aviso, escorrendo grossas por minhas bochechas, porque esse é um adeus. Meu segundo adeus em poucos dias.
— Eu também vou — lágrimas brilham em seus olhos. — Mas talvez eu ainda possa sonhar com você, baixinha.
Mostro a língua para ele. Eu não sou baixa, mas, desde que Matteo ficou mais alto que eu, ele me deu um novo apelido.