25. Foto

145 20 45
                                    

Foto | s.f.

fo.to

Uma palavra. Duas sílabas. Quatro letras. E um passado esquecido.

 E um passado esquecido

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Anna

Afundo em seu peito e me agarro a ele. Lágrimas involuntárias preenchem meus olhos. Eu não percebi o quanto senti falta de Gabriel até vê-lo, o quanto ter seu rosto conhecido é um alívio. O abraço com força, guardando seu cheiro e a sensação de seus braços me envolvendo. Seu coração bate acelerado contra meus ouvidos enquanto ele acaricia meus cabelos, como se notasse a falta das grandes madeixas.

Foram apenas semanas longe dele, porém parece que foi muito mais. Me afasto e sorrio para ele. Gabriel retribui o gesto, com duas covinhas. Ele envolve minhas bochechas com as mãos, me analisando de cima a baixo. A preocupação toma seu semblante. Com certeza, ele vê cada um dos hematomas que cobrem meu rosto e minhas olheiras profundas.

Eu não sou mais a garota que Gabriel conheceu no vilarejo, mas ele também não é o menino que olhava para as estrelas ao meu lado. Enquanto eu estou magra demais e com uma palidez doentia dos dias no subterrâneo, Gabriel parece mais alto e incrivelmente bronzeado. Ele brinca com minhas madeixas curtas, porém não diz nada.

A comandante pigarreia, e Gabriel se afasta. Minhas bochechas queimam com o olhar convencido que a rebelde nos lança. É como se ela furasse a bolha de breve felicidade em que estávamos.

— Lindo reencontro — ela diz, estalando a língua. — Mas podemos ir para o que interessa agora?

Gabriel a ignora, e a comandante arqueia as sobrancelhas..

— Ela está machucada — Gabriel constata, então observa Matteo. — E por que raios você o algemou?

— Porque eu mando aqui — A comandante responde, o que faz Gabriel se encolher.

— Embora você saiba que é inútil algemá-lo — a voz rouca e melodiosa de Alika ecoa pelo cômodo.

A rebelde está parada no batente da porta, balançando um molho de chaves no dedo. Ela me lança um sorriso e pisca para Gabriel, caminhando com suas pernas compridas até Matteo. Este estica as mãos para que ela abra as algemas.

— Deixe-me adivinhar: — Matteo diz, massageando os pulsos — você é o cérebro e ela — aponta para a comandante —, os punhos.

Alika gargalha, andando em direção à comandante que fica com o semblante cada vez mais vermelho. Matteo se levanta, exibindo um sorriso presunçoso.

— Não o culpe, Abi — Alika fala. — Você o deixou preso e encapuzado. Tenho quase certeza de que o insultou durante o caminho até aqui. É óbvio que ele estaria com raiva. Perdoem a comandante.

Ela fita cada um de nós, então se vira para a outra rebelde e dá um breve beijo em seus lábios. O rosto da comandante fica vermelho quando Alika se afasta, mas, dessa vez, por um motivo diferente. Alika esfrega as mãos nas calças e acena para nós.

Cidade dos Corações Sombrios | Livro 1 | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora