Lauren.
Quando cheguei em casa, minha mãe estava mais alegre do que o normal, o que me fez estranhar. O jantar seria para recepcionar os novos vizinhos, uma tradição de dona Clara que adorava ser a ótima vizinha. Eu particularmente não via motivos, mas ela gostava e a casa era dela, então…
Subi para meu quarto e tomei um banho demorado e relaxante. Vesti um vestido branco simples e uma rasteirinha, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e desci para ajudar minha mãe.
Entretanto, não conseguia parar de pensar em Camila e em como eu queria estar com ela naquele momento. Se eu pudesse fugir daqui, eu com certeza faria sem pensar duas vezes.
Coloquei os pratos e talheres na mesa e enquanto voltava para a cozinha para ver o que mais minha mãe precisava, o interfone tocou e eu fui até a porta para atendê-la. Destravei o portão e abri a porta observando uma mulher e dois homens entrarem e caminharem até onde eu estava.
— Olá. — A mulher sorriu. Ela era muito bonita e parecia ser bem jovem, principalmente parar ser mãe do cara que estava ao lado dela. Eu sou Katherine, prazer! Esse é Steven, meu esposo — Cumprimentei-a e depois fiz o mesmo com ele — E esse é nosso filho, Nicholas. — Olhei para o outro homem. Ele era bonito, tinha o cabelo raspado, a barba por fazer e era mais musculoso. Cumprimentei-o também e os convidei para entrar.
Minha mãe já estava vindo para a porta e os cumprimentou toda sorrindente. Papai estava descendo do andar de cima e também fez o mesmo.
— Olha, Lauren! Nicholas é apenas três anos mais velho do que você e é dono de uma empresa em Chicago. E é muito bonito também — Me olhou e eu precisei contar até dez.
Ah, não. Passar o jantar inteiro com a minha mãe me jogando para cima do novo vizinho não. Pelo amor de Deus!
— Que bom para ele, não? — Sorri e ela me olhou feio, mas eu apenas dei de ombros. Agora eu entendi o porquê ela estava tão animada, Clara não perderia a oportunidade de me jogar para cima de um homem rico.
— Você é tão linda, Lauren. Não está namorando? — Katherine perguntou sorrindo.
— Não. Eu não estou a fim de me envolver com ninguém no momento — Menti, sorrindo.
— Ela está nova para isso. Tem muito o que viver ainda — Chris disse descendo as escadas e eu o olhei sorrindo. Mamãe nos olhou com cara feia, mas eu ignorei-a novamente.
Quando ela ia aprender o quão chato e ridículo isso era?
×××××
Quando acordei no dia seguinte, só queria ocupar minha cabeça para não pensar na raiva que eu passei na noite anterior. Foram incontáveis vezes que minha mãe jogou indiretas para mim e Nicholas, como se eu estivesse interessada nele. Ele estava tão desconfortável quanto eu e aquilo era totalmente ridículo. O que me levou a pensar se não estava na hora de ir embora daquela casa.
Após fazer minhas higienes, me trocar, peguei minha bolsa e desci para comer alguma coisa e encontrei minha mãe tomando café. Quando me viu, ela balançou a cabeça negativamente.
— Nem comece. — eu pedi, impaciente. Entretanto, sabia que não adiantaria, ela não perderia a oportunidade de me dar sermões, como se estivesse certa.
— Por Deus, Lauren! Aquele menino é lindo, de boa família e… — A interrompi.
— Você nem conhece a família dele. Só os viu uma vez. Na frente dos outros toda família é perfeita. — Peguei uma maçã na fruteira e a mordi. Minha fome tinha sumido — Eu estou cansada dessa sua mania ridícula de tentar encontrar alguém para mim. Eu já estou grandinha e posso fazer isso sozinha.
— Eu só quero o melhor para você, filha.
— Ótimo. Então pare com isso e me deixe viver a minha vida e encontrar alguém para mim sozinha, quando eu achar que devo. Tenha um bom dia. — Sai de casa e me assustei ao ver o carro de Camila parado em frente de casa, entrei e ela me olhou sorrindo. Me dando um selinho rápido antes de acelerar.
— Por que está com essa cara? — Camila perguntou e eu suspirei.
— Minha mãe.
— O que ela fez?
— O de sempre. Tentando me jogar em cima doa homens, ricos, de preferência.
— Como assim? — Ela me encarou com o cenho franzido quando parou no sinal vermelho.
— Uma família se mudou para a minha rua, e minha mãe tem costume de fazer um jantar para recepcionar os novos vizinhos sempre que alguém se muda para a nossa rua. Esse casal tem um filho, se chama Nicholas e é três anos mais velho que eu. Ele é dono de uma empresa e ela fez questão de me lembrar isso a cada cinco minutos ontem.
— Eu também sou dona de uma empresa — Camila disse, revirando os olhos. E voltou a prestar atenção na rua quando o sinal abriu — Sua mãe não entendeu ainda que você tem que tomar suas próprias decisões?
— Isso me fez pensar se não está na hora de morar sozinha.
— Vem morar comigo — Ela pousou a mão em minha perna e eu sorri.
— Minha mãe jamais aceitaria.
— Ela aceitaria que você fosse morar sozinha?
— Não. — Suspirei.
— E seu pai?
— Não sei se seria capaz de passar por cima dela. Ele sempre foi mais na dele, não gosta de confusões.
— E se ele descobrisse sobre nós?
— Acho que ficaria decepcionado. Apesar de ser mais na dele, ele pensa como minha mãe.
Eu evitava pensar em como um dia iria contar a eles sobre eu e Camila, porque simplesmente não fazia ideia de como fazer isso. Que eles não aceitariam era óbvio, mas eu não sabia exatamente que tipo de reação eles teriam, e isso me trazia medo.
— Só quero que saiba que independente do que aconteça, caso que eles descubram ou você contém, eu estarei aqui, está bem? — Camila disse segurando minha mão, como se lesse meus pensamentos.
Não pude evitar de sorrir e depositei um beijo em sua bochecha, fazendo-a sorrir também.
Apesar de já saber isso, ouvi-la falar aquilo me deixou muito mais segura e confortável em relação a toda essa situação. Entretanto, ainda não estava no momento de contar, e eu só esperava que Deus me ajudasse quando fosse o momento certo.
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Feelings
Fiksi PenggemarLauren Jauregui. Uma garota de olhos verdes, sorriso encantador e inocência quase inacreditável para a idade dela, era o orgulho de seus pais. Frequentava a igreja todos os domingos, era voluntária de um orfanato, uma garota exemplar. Quando complet...