Segundo dia - Lorraine Warren

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Segundo dia
Lorraine Warren

– Me desculpe, Lorraine – Ed pronunciou a frase segundos antes que um pedaço afiado de madeira perfurasse seu corpo, matando-o bem na minha frente.

Um grito que saiu queimando minha garganta enquanto eu via o amor da minha vida morto na minha frente. Aquela figura apareceu novamente para mim, desafiando-me

– O que é você? – Eu gritava, apavorada. – Me diga o que você quer! – Um riso alto e pavoroso ecoou, vindo da criatura, e eu me encolhi, assustada.

Acordei com um pulo, sentindo minha garganta doer com o grito. Escutei passos rápidos correndo em direção ao cômodo e a voz desesperada de meu marido do outro lado da porta.

– Lorraine, querida. Sei que está acordada. – Ele disse e fez uma breve pausa. – Por favor, me deixe te ajudar. O que quer que esteja acontecendo, podemos resolver juntos, como sempre fizemos.

Novamente não consegui responder. Eu precisava dos braços dele ao meu redor, me confortando e dizendo que tudo ficará bem, mas não consigo olhar para Ed sem lembrar-me do horror que se repetia em minha mente.

– Amor, abra, por favor. – Eu podia ouvir o choro em sua voz e isso me partiu o coração. – Não vou te pressionar a falar, se não é o que quer, mas quero estar ao seu lado se estiver passando por um momento ruim. Estamos juntos na alegria e na tristeza, como prometi.

Não estamos acostumados a passar uma noite sequer longe um do outro; desde o nosso casamento dormimos juntos todas as noites. Não sei o que ele está fazendo desde ontem, quando voltamos para casa, mas é insuportável o pensamento de olhar para ele em minha frente e ter aquelas visões novamente.

Entrei no banheiro de nosso quarto e fechei a porta. Olhei fixamente para o espelho na parede, não reconhecendo meu próprio reflexo. Que Deus me ajude.

⸩ ⸨

Sentada em minha cama, repassei tudo o que ocorreu durante o exorcismo, noite passada.

Fomos chamados por Padre Gordon pois a Igreja já estava observando Maurice após denúncias da vizinhança; tudo piorou no momento em que ele ameaçou atirar na própria esposa, acertou o braço dela e em seguida atirou em si. Imediatamente a Paróquia da cidade contatou Padre Gordon, que nos levou consigo.

No momento em que chegamos no local, o Padre já estava preparado para começar o processo de exorcismo. Sua bíblia, terço, água benta e tudo o que pudesse precisar estavam dispostos em uma mesa e Frenchie sentado em uma cadeira, implorando por ajuda.

Estávamos todos prestando atenção a cada movimento de Maurice. Não podíamos dar um passo na direção errada, senão tudo seria perdido. Cruzes invertidas apareciam por todo o seu corpo, todas em relevo e parecia que queimavam. Ele às vezes erguia sua camiseta para que conseguíssemos ver aquilo, mesmo que fosse notável para qualquer um no cômodo.

Maurice começou a pronunciar frases completas em Latim, uma vez que possuído. Ele proferia as palavras sem dificuldade e com uma articulação impecável, principalmente tratando-se de um rapaz com estudo básico, de forma que eu nunca tinha presenciado antes e acredito que Ed também não, julgando por seu olhar para o homem.

Olhei no fundo de seus olhos e pude sentir toda a sua dor, seus medos e anseios; pude ver tudo o que ele havia passado até então. Padre Gordon deu início aos procedimentos e Ed o auxiliava, enquanto isso eu ajudava a segurar Maurice na cadeira, o possessor começara a se manifestar, tirando toda a força de vontade do rapaz e incorporando-o.

Eu o segurava com toda a minha força e limpava o sangue que escorria dos olhos do homem à minha frente, quando ele começou a tremer o corpo, revirou os olhos, segurou firme em meus braços e a coisa mais aterrorizante aconteceu. Uma visão tomou conta de mim, tirando toda a concentração que tinha, deixando-me atormentada.

Feels Like ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora