Sexto dia - Ed Warren

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Sexto dia

Ed Warren

Drew ajudou-me pela manhã. Levantou cedo e comprou algumas coisas para que a gente se alimentasse enquanto continuávamos estudando o caso, garantiu que Judy estava na escola, junto à amiguinha onde passou a noite.

Por mais que tentasse me fazer sair do escritório e parar de ver o vídeo do exorcismo, não obteve sucesso.

– Ed, sei que está preocupado com Lorraine, mas precisa estar bem, precisa cuidar de você também – Disse o garoto – Do jeito que está não vai conseguir ajudá-la quando ela estiver precisando de você por perto.

– Não preciso de conselhos, Drew. Preciso da minha esposa.

– O que precisa mesmo é se cuidar para quando ela se sentir pronta pra sair do quarto.

– Pare de me dizer o que fazer, você não sabe como é sentir o que estou sentindo, garoto. Não sabe a agonia que estou sentindo e a dor que me aperta o peito cada vez que me lembro o motivo pelo qual Lorraine está passando por isso – Eu disse, rude, colocando meus sentimentos abertos para que ele tentasse compreender – Se eu não tivesse sido burro e a convencido à ajudarmos Padre Gordon no exorcismo, minha mulher estaria aqui comigo nesse momento e eu não estaria preocupado com a sua saúde, trancada dentro daquele quarto há dias sem comer, sem se hidratar, longe de mim e de nossa filha.

Olhava-o transtornado e Drew abaixava o olhar para não ter que encarar a fúria em meus olhos.

– A culpa foi minha, ok? E agora estou pagando o preço estando aqui fora, cuidando de Judy e da casa, sem saber se ela fará algo contra sua vida, se está pensando em coisas ruins ou o que pode estar passando em sua mente. Eu não sei de nada e isso está me matando a cada minuto que passa sem Lorraine ao meu lado – Drew fez menção de falar e eu continuei atropelando-o com minhas palavras – Sabe quantas vezes já pensei em derrubar aquela porta só para poder abraçá-la e dizer que tudo ficará bem? Quantas vezes já pensei em deixar minhas promessas de lado e obrigá-la a me contar o que aconteceu para que ela esteja neste estado?

– Eu sinto muito, Ed. Não sabia como estava sendo pra você.

– Claro que não sabia. E eu espero que você nunca sinta essa impotência. É o pior sentimento que poderia existir. Parece que todas as minhas tentativas de ajudá-la foram inúteis, não foram suficientes. Isso é uma droga.

– Não sei se poderia dar certo, mas o que acha de tentar ver pela janela? – Sugeriu – Dessa forma você saberia como ela está, se precisa de algo e o que está acontecendo com a situação no geral.

Meus olhos se iluminaram. Era uma ideia genial – Não é nada mal... – Tomei alguns segundos para assimilar e concordar cem por cento com a sugestão – Ok, vamos lá.

Drew e eu pegamos a escada que mantenho na garagem e levamos em direção ao meu quarto. Posicionei a escada de forma segura e subi – Tome cuidado, é muito alto.

– Acho que não terei problemas para subir esta escada, garoto. Já fiz isso outras vezes.

– Então vai lá, chefe – Ele respondeu.

Subi os degraus, ainda mais cauteloso, após a resposta que dei à Drew. Não poderia me contradizer desta forma. Ao alcançar o topo, olhei para o quarto inteiro e notei que estava tudo certo e em seu devido lugar. Em cima de nossa cama estava um caderno que Lorraine sempre carrega, para momentos em que precisa esvaziar a mente ou até mesmo utiliza em alguns casos; sua bíblia estava ao lado, aberta como se ela acabara de utilizar e minha esposa estava ajoelhada na beira da cama, com a cabeça baixa, como se estivesse descansando seus pensamentos. Ela parecia tão frágil naquele momento que tudo o que eu queria era abrir a janela para cuidar dela da forma que merece.

Feels Like ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora