Abatedouro de novinhas

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— Sabe, Sakura, estou sentindo falta do clímax dessa história. – Shizune diz rindo. Eu ergo minha sobrancelha com uma bela interrogação na testa, e aperto o botão do filtro d'água. Vê-la me deixa com sede. – Você entendeu... o clímax.

— Ah... o clímax. – respondo murmurando. – Se eu te contar agora, não vai ter graça. – faço um biquinho, andando devagar até o sofá que há em sua frente.

— Eu sei, mas não consigo conter minha ansiedade. De qualquer forma, quero que você conte devagar igual está fazendo.

— É bem mais legal assim. – sento-me no divã, bebendo toda a água que peguei de uma só vez. – Onde paramos?

— Na sua saga de aprovação para o desfile.

— Certo.

Cinco meses antes.

— O que você quer de aniversário? – Sasuke me pergunta, encostado no batente da porta.

— Você sempre escolheu meu presente sozinho. – abaixo o volume da televisão e me ajeito na cama, sentando-me.

— Não sei escolher presentes pra você desde que fez quinze anos. – confessa. – Itachi quem sempre me ajuda, mas esse ano, achei que seria melhor perguntar diretamente à você.

Essa preocupação toda era desnecessária, já que Sasuke sabia escolher presentes muito bem, e eu confiava completamente em seus dotes.

— Preciso pensar, então. Não estava esperando pela pergunta. – digo por fim.

— Me avise com antecedência... e, mais uma coisa. – ele se vira, mantendo as mãos nos bolsos da calça, e me olhando despreocupado. – O que vai fazer após o desfile?

— Hum...

Considerando os últimos acontecimentos da minha vida, talvez eu faça algo que envolva um loiro e sexo pago. Ou não. Se eu vê-lo vezes demais, a transa vai perder a graça, e vou ter um motivo à menos para continuar essa patifaria. Então, a opção que me resta é voltar para casa e dormir.

— Acredito que nada. – concluo. – Por que?

— É minha obrigação saber sobre sua agenda. – Sasuke balança os ombros despreocupado. – De qualquer forma, boa noite.

Depois que respondo um "boa noite" rápido, ele sai, deixando-me deitar e dormir.

No outro dia, Hinata me espera no portão do colégio como todos os dias. Procuramos uma mesa vazia no refeitório onde podemos tomar o café da manhã, e conversar um pouco.

— Vou participar de um desfile hoje. – conto, com um belo sorriso nos lábios.

— Você não sente vergonha? – ela questiona enquanto mastiga seu onigiri. – Tipo, deve ser estranho andar por uma passarela com tantas pessoas te olhando.

— Não mais. Já estou acostumada com os olhares e a atenção. – bebo um pouco de água, observando os alunos que passavam por nós. – Gosto de quando as pessoas se atentam em mim.

— Você acha que eu seria uma boa modelo? – Hinata levanta, dando uma rodada na minha frente. – Bom, eu não tenho muito corpo de modelo. Sou mais baixa que você e meus seios são grandes demais.

— Você é linda, Hina. Pode ser o que quiser. Sempre há trabalhos que precisam de corpos mais voluptuosos.

— Sério? – ela sorri. – Deve ser o máximo trabalhar como modelo.

Definir como "ser o máximo" é uma bela forçação de barra. É legal, mas não tanto. Considerando a competitividade, a fixação em dietas e o book rosa, a carreira é uma bosta, mas tem lá suas coisas interessantes. Na verdade, até as coisas interessantes podem ser consideradas uma merda.

ANALISTA [Sasusaku]Onde histórias criam vida. Descubra agora