Dias atuais.
— Sempre me pego pensando em como éramos antigamente. – confesso, dando um sorrisinho idiota. – Quando eu fui adotada, Sasuke deitava comigo todos os dias, fazia um cafuné no meu cabelo e só saía do quarto quando tinha certeza que eu estava dormindo.
— Esses carinhos tinham alguma segunda intenção por trás? – Shizune questiona, com seu caderninho inseparável sobre o colo e um copo de café na mão esquerda.
Acho que consultas com cafés se tornaram algo "nosso". Torna o momento mais íntimo e amigável.
— Não! Pelo amor de Deus, não! Ele não é um pedófilo. – massageio as mãos, tentando aliviar a ansiedade dentro de mim. Falar sobre meu tutor se tornou algo consideravelmente angustiante. – Pra ser sincera, eu nem sei como ele cedeu às minhas investidas. Ele nunca me olhou de forma maliciosa antes de termos um relacionamento, se posso considerar assim.
Ela espera que eu continue falando, e diferente de antes, me sinto bem em desabafar sem esperar por suas perguntas.
— Ele me ajudava com as lições da escola, assistia todos os filmes da Barbie comigo, e dizia todos os dias que me amava muito. Era o meu irmão perfeito. Eu o amava tanto, tanto, que não receber algum tipo de carinho dele destruía meu dia.
— Quando foi a primeira vez que você pensou: "esse afeto não é suficiente pra mim"?
Dou uma pausa para respirar, pensar e beber meu café. Shizune espera calmamente até que eu decida voltar à falar.
— Eu não lembro exatamente quando foi, mas desde que Sasuke apareceu com sua primeira namorada, eu as julgava e elas não passavam nos meus parâmetros. A única que merecia seu amor era eu.
— Ainda acredita nisso?
Não, eu não acreditava. Na verdade, eu já nem sabia mais quais convicções que eu tinha. Por um tempo, acreditei que Sasuke não amava ninguém, mas não é verdade. Não pode ser. Meu ego me faz achar que as garotas não eram suficientes, quando, na verdade, eu quem parecia não ser boa o bastante.
— Eu tô cansada, porra, cansada! – falo, passando as mãos por meu cabelo e apertando os fios. – É morte lenta. Sou um produto. Um resultado desastroso do book rosa e a sede por atenção. As pessoas pagam para me usar, se satisfazem com meu corpo e depois me lembram que não passo de uma distração temporária.
— Você não é um produto. – ela me repreende.
— É, claro que não. – dou uma risada amarga. – Eu quero que ele me ame! Quero tanto, e poderia implorar por isso. Ele diz que me ama mais que tudo, mas eu não consigo acreditar!
— Por que não acredita?
— Porque ele não está aqui comigo agora.
♡
Quatro meses antes.
— Por quê não está com seus irmãos? – Papai indaga, servindo um pouco de vinho na minha taça vazia.
Estou sentada num pequeno gazebo de madeira que há perto da área da piscina. Não esperava, mas tem várias amigos de Fugaku aqui, conversando, bebendo whiskys caros, exibindo suas mulheres e comendo churrasco. Eu me isolei um pouco para comer as batatas fritas que havia preparado, pois os assuntos discutidos não eram do meu interesse, e, não menos importante; dois dos amigos eram conhecidos por mim.
Eu lembrava de ter visto-os em coquetéis, mas não sabia se eles também lembravam de mim. Se sim, talvez soubessem do book rosa.
Eles não pareciam ter mais que quarenta anos, mas sei como orientais conseguem dar a impressão de jovialidade, e não consigo tirar uma conclusão. Usam joias caras e ternos caros. São bonitos, mas tento me convencer do contrário.
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ANALISTA [Sasusaku]
FanfictionErroneamente as pessoas atribuíram a frase "os fins justificam os meios" à Nicolau Maquiavel. A citação sempre foi usada para fins políticos, mas eu gosto da forma como ela se encaixa em todos os pilares da minha vida. Os meios da minha vida são: o...