Convicções

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Dias atuais.

— Você é louca. – Shizune falou, rindo alto.

Eu olhei-a com as pálpebras semicerradas, cruzando os braços e fazendo uma expressão emburrada. Foi possível ouvir um estralo alto da minha língua no céu da boca, fazendo a terapeuta focar sua atenção em mim enquanto voltava à sua poltrona, com uma xícara de café machiatto em mãos.

— Obrigada?! – respondo confusa com uma das sobrancelhas arqueadas. – eu devo agradecer?

— Foi só uma brincadeira, vamos com calma. – ela balançou os ombros despreocupada e tomou um gole de café, sem tirar os olhos de mim. – 'tô curiosa, essa história da sua mãe reaparecendo é realmente boa. Você sentiu o que na hora?

Eu penso e me mantenho em silêncio por bons segundos.

— Não sei exatamente. – balanço os ombros, fingindo uma despreocupação. – Senti medo.

Três meses antes.

A minha vida estava uma bagunça grande demais. Depois do almoço fracassado no iate, tudo parecia desmoronar numa velocidade indescritível. Sasuke simplesmente resolveu me deixar em cárcere privado, sem desculpas ou explicações. Tentei ao máximo tirar informações de Fugaku ou Itachi, mas tudo que eles me diziam era que a "ignorância é uma benção".

Babacas do caralho.

Foi assim que eu passei a semana; dentro do quarto, largada e praticamente sendo feita de refém, já que nem pro colégio eu ia. Eu me sentia péssima, meu psicológico implorava por algum esclarecimento sobre a situação, e a ansiedade comia meu corpo de dentro pra fora.

Como se as coisas já não estivessem ruins o suficiente, Sasuke resolveu sumir como sempre fazia. Eu queria matá-lo sufocado com o meu travesseiro, objeto esse que parecia ser feito à base d'água de tanto que eu chorava de puro ódio e deixava-o molhado.

Odeio a merda da minha vida.

Não que eu quisesse ter qualquer contato com minha mãe biológica ou resolver nossos problemas do passado. Eu só queria – e precisava urgentemente – de um esclarecimento. Não importava de quem, mas não era justo que alguém consideravelmente importante resolvesse aparecer na minha vida, e me tirassem tal oportunidade sem me dar um direito de escolha.

Além disso, por mais que eu não desejasse ter a mulher de volta na minha vida, seria prazeroso demais poder vê-la uma primeira – e ultima! – vez na minha vida, e jogar na cara dela o quanto eu estava bem sem ela.

Mesmo que eu não estivesse tanto assim.

— Sakura? – ouço uma voz masculina atrás de mim que me faz gelar, mas dessa vez, de pura raiva.

Eu aperto o copo d'água com tanta força que é um milagre não vê-lo quebrando. Deixo o mesmo na pia e atravesso a copa em passos largos, indo até meu irmão com fogo nos olhos – quase literalmente.

— Seu imbecil! – grito, estapeando o peito de Itachi com todo o ódio que havia no meu corpo – e não era pouco. – FILHOS DA PUTA!

Eu xingo-o de todos os nomes possíveis, sem cessar meus golpes contra seu corpo que faz Itachi dar passos para trás em silêncio. Acho que nunca me senti tão irritada na minha vida.

— Sakura! – ele segura meus pulsos com força, me olhando fixamente com uma expressão que até parece de pena. – Se acalma, cacete.

— ME ACALMAR? EU NÃO PRECISO DE CALMA, ITACHI! Eu preciso de... – me afastei, com os olhos ardendo por conta das lágrimas que eu insistia em segurar. Puxo os fios do meu próprio cabelo e respiro fundo. – Não... tudo bem. Tá tudo ótimo. O que eu esperava de vocês, certo? Dois controladores de merda.

ANALISTA [Sasusaku]Onde histórias criam vida. Descubra agora