2.

7.8K 864 507
                                        

Cooking like a chef, I'm a five-star Michelin! — Eu gritava animada nos bastidores, acompanhando o ritmo contagiante de God's Menu. Era impossível me segurar; a música era um verdadeiro hit, e mesmo depois de ouvi-la tantas vezes — fosse nas performances ao vivo ou durante meus próprios shows no chuveiro — parecia sempre revelar algo novo, algum detalhe instrumental que antes passara despercebido.

O refrão explodia nos alto-falantes, mas meu foco se perdia cada vez que a câmera se aproximava de Chan. Seu sorriso satisfeito e o olhar concentrado enquanto dançava... Qualquer um poderia perceber que ele amava o que fazia. E, confesso, algo no jeito que ele se movia me fazia sentir uma mistura de admiração e algo mais que eu tentava, em vão, decifrar.

Desde que comecei a trabalhar como staff, minha visão sobre o grupo e sobre o próprio trabalho mudou drasticamente. Antes, tudo parecia frio e mecânico: fazer o serviço, manter distância e sair. Mas com o tempo, eu me vi gargalhando das piadas de Jisung, discutindo pratos brasileiros com Felix e, inevitavelmente, sentindo um friozinho na barriga toda vez que Chan se aproximava. Era injusto. Ele nem precisava se esforçar — só um sorriso dele era suficiente para fazer meu coração dar piruetas.

Mas aí, uma semana atrás, ele mudou as regras do jogo. Aquele elogio sussurrado nos bastidores, seu jeito despretensioso... Desde então, eu me via presa nesse furacão de sentimentos que parecia não ter saída.

Despertei dos meus devaneios quando vi os meninos começarem a sair do palco, exaustos, mas sorrindo. Cada um era rapidamente recebido por membros da equipe, que ofereciam toalhas e garrafinhas de água. Jeongin foi o último a entrar, mexendo incomodado no colar brilhante que usava.

— Tem algo te incomodando, Innie? — Perguntei, aproximando-me.

Ele hesitou antes de admitir:

— Nonna, esse colar aperta meu pescoço... posso não usar mais ele?

— Por que não disse antes? Olha como isso te machucou! — Exclamei, notando a pele avermelhada ao redor de seu pescoço. — Não precisa usar nada que te deixe desconfortável, ok? Promete que vai me avisar da próxima vez?

— Prometo, sim, senhora! — Respondeu com um sorriso tímido antes de me fazer rir ao bater continência.

— Sou mais nova que seu líder, garoto. — Ponho as mãos na cintura e bato o pé.

— Às vezes esqueço que a Nari tem a nossa idade. — Jisung falou abrindo uma latinha de refrigerante.

— Se eu não soubesse a idade dela, acharia que era filha de um staff... nanica desse jeito — Hyunjin zombou gargalhando, engoliu o riso quando percebeu meu olhar de raiva para si.

— Chega de falar de mim como se eu não estivesse aqui e se apressem! Temos outro compromisso em 2 horas e vocês precisam se alimentar. — Os guiei em direção a porta e me concentrei em arrumar a sala. Assim que terminei de organizar os itens, percebi Chan encostado em um canto, completamente concentrado no celular.

Me aproximei, chamando-o:

— Chan? Está tudo bem? Não vai comer?

Ele demorou a reagir, tirando um fone do ouvido e me oferecendo o outro.

— Desculpa, estava distraído ouvindo umas batidas que compus. Quer ouvir?

— Isso é permitido? — Perguntei, brincando. Ele apenas sorriu de um jeito que fez meu coração tropeçar.

— Você pensa demais. Relaxa um pouco. — Ele riu, mas eu não pude evitar sentir que aquela frase tinha outro significado.

— Ok, Sr. "Eu relaxo demais". O que tem aí? — Peguei o fone que ele me ofereceu, e assim que a música começou, fui tomada pelo ritmo contagiante. Balancei a cabeça acompanhando as batidas. — Chan, eu amei! Isso tá incrível. Não desperdiça essa ideia, sério!

𝙀𝙁𝙁𝙊𝙍𝙏𝙇𝙀𝙎𝙇𝙔, 𝘣𝘢𝘯𝘨𝘤𝘩𝘢𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora