17. parte 2

581 60 12
                                        

Narrado em terceira pessoa.




Meses depois.

A MANIAC Tour estava a todo vapor. Palcos lotados, fãs em êxtase, os gritos incessantes ecoando em arenas que pareciam respirar junto com o ritmo das músicas. Cada cidade, uma nova explosão de energia. Cada performance, uma prova de resistência física e emocional.

Bang Chan sorria no palco, como sempre fazia. Cada passo coreografado, cada fala ensaiada, cada respiração milimetricamente calculada entre as músicas. Ele parecia inabalável. Parecia. Mas a verdade é que ele estava se segurando com todas as forças. Desde o vazamento da matéria da Dispatch, a JYP Entertainment se mantinha em silêncio. Nenhuma nota oficial, nenhum esclarecimento. 

A empresa apostava na estratégia do esquecimento: ignorar até que o mundo seguisse em frente. E Chan? Ele também foi instruído a fazer o mesmo. Não negue, não confirme. Mantenha-se neutro. Como sempre. Como ele fazia desde o início. Tudo pelo grupo. Sempre pelo grupo. Era isso o que pesava mais — não poder proteger quem ele amava do jeito que queria. E Nari entendia. Ela sempre entendeu. E por isso, desde antes mesmo do escândalo, ela já vinha se preparando para sair da JYP. Não foi fácil. Os motivos eram muitos: o desgaste, a pressão, o medo constante de ser exposta... Mas o principal deles era preservar aquilo que eles construíram juntos. Separar o amor do trabalho. Dar a Chan o espaço e a paz que ele merecia, ainda que isso a ferisse também.

Agora, Nari estava recomeçando. Sua faculdade seguia estável, as aulas iam bem, ela tinha começado em um novo emprego em meio período — bem longe da indústria do entretenimento — e tudo estava sob controle. Pelo menos, era o que ela dizia para si mesma. Mas a saudade era um animal silencioso, que crescia por dentro até morder de repente. Então, ela tomou uma decisão impulsiva. Talvez não fosse o momento mais sensato, mas ela precisava vê-lo. Sentir sua presença. Reafirmar que ainda estavam no mesmo caminho, mesmo que o mundo inteiro parecesse contrário a isso.

Ela se juntou à equipe para acompanhar a parte europeia da turnê. Como uma ex-staff, ainda tinha conhecidos no time. Ninguém precisava saber. Nada de mãos dadas. Nada de olhares prolongados. Apenas silêncio e distância. Era para ser simples. Mas o caos do aeroporto em Berlim naquele dia era tudo, menos simples. Fãs se aglomeravam em cada canto, tentando burlar barreiras, cercando até os seguranças com gritos. Câmeras de celular em punho, cartazes com nomes dos integrantes, fãs distribuídas pelos dois andares do terminal internacional. Os membros estavam exaustos, e a pressa em levá-los até a van só alimentava ainda mais o tumulto.

Nari andava entre dois membros da equipe técnica, cabeça baixa, capuz cobrindo parte do rosto. Os óculos escuros, o moletom largo... tudo para não chamar atenção. Funcionou — por alguns segundos.

— Só ande com a gente, cabeça baixa. Já já estaremos na van. — murmurou Minji, uma das coordenadoras que conhecia Nari desde os primeiros dias na empresa.

— Eu sei. — Nari respondeu, puxando o capuz cinza até cobrir quase os olhos. Os óculos escuros escondiam o cansaço da noite mal dormida. Tudo nela gritava discrição. Ela caminhava entre dois staffs da equipe de produção. A van dos meninos já estava posicionada na saída VIP do aeroporto. Os seguranças abriam caminho com dificuldade.

Mas foi quando o grupo virou a esquina de um dos corredores principais que tudo começou a desmoronar.

É ELA!

𝙀𝙁𝙁𝙊𝙍𝙏𝙇𝙀𝙎𝙇𝙔, 𝘣𝘢𝘯𝘨𝘤𝘩𝘢𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora