4.

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— Nari, você pode me ajudar com os acessórios de cabelo do Hyunjin, por favor? — Ouvi Yumi chamar minha atenção enquanto organizava os figurinos nos devidos lugares, para que não fossem misturados durante a troca de roupa.

— Claro! — Me aproximei pegando alguns glitters de cabelo e as chapinhas jogadas em cima da bancada branca, em frente de um grande espelho, resultado da pressa para o cumprimento de horários televisivos. Coisas de idol.

Os dias seguintes ao beijo com Chan passaram como um borrão. Minha mente estava em uma luta constante entre a euforia e o medo. A imagem de Chan, seu sorriso brincalhão e o toque de seus lábios, ainda ecoava em minha mente.

A verdade é que eu estava evitando Chan.

A cada vez que nossos olhares se cruzavam, uma onda de vergonha me atingia. Me tornei a maior mentirosa, como se aquilo não tivesse me afetado, como se eu não lembrasse, como se não importasse. Minha reação foi o afastamento daquele sentimento tão novo, daquela pessoa que me trazia tantas sensações novas.

O que poderia ter sido um momento mágico transformou-se em um peso que carregava a cada passo. O medo de perder meu emprego e de violar as regras da empresa era avassalador. Os idols não podiam se envolver romanticamente com suas staffs; essa era uma regra bem conhecida e rigorosamente seguida.

Como eu poderia ser a exceção?

— Você não vai ver a apresentação deles? — Um dos fotógrafos, Donghae, questionou confuso. — Sempre foi a mais animada, a staff stay.

— Estou um pouco cansada, sabe? Prefiro ficar aqui esperando. — Dei um sorriso no final no intuito de convencer, o que pareceu dar certo, já que ele acenou e deu as costas, indo em direção ao longo corredor.

Suspirei derrotada, praticamente sozinha na grande sala. Abaixei a cabeça sobre a bancada e coloquei os fones de ouvido, esperando ouvir algum conselho amoroso na minha playlist aleatória.

As notas suaves e os ritmos envolventes começaram a tocar, mas, mesmo assim, minha mente continuava a divagar. Era como se uma tempestade de emoções estivesse prestes a explodir dentro de mim, e eu não sabia como controlá-la. O que eu desejava, no fundo, era uma solução simples, uma maneira de lidar com a situação sem arriscar tudo.

Mas talvez não existisse uma resposta para tudo aquilo.








Finalmente, um dia mais calmo. Quando a agenda do dia não envolve entrevistas externas na JYP, o trabalho dos funcionários tende a ser menos cansativo. Sem o deslocamento apressado entre locais, a rotina fica mais leve. No entanto, mesmo que eu não admitisse em voz alta, a ausência de uma certa pessoa me deixava inquieta, como se algo estivesse faltando no meu dia.

Entrei na sala de prática, me deparando com o caos habitual de garrafas de água e moletons espalhados pelo sofá preto no canto. Enquanto recolhia as coisas, não percebi a aproximação de alguém até sentir uma mão suave em meu ombro.

— Meu Deus, Yumi! Quase me matou do coração! — Exclamei, levando a mão ao peito, tentando acalmar os batimentos acelerados, enquanto retirava os fones de ouvido.

— Desculpa! Eu fiz um barulhão quando entrei... Você não ouviu? — Ela perguntou, rindo da minha reação.

— Não! Não te ouvi porque Lana Del Rey estava dando um show em meus ouvidos, obrigada! — Digo, ironizando.

— Você anda tão distraída desde a nossa folga. Aconteceu algo que eu não sei? — O tom de Yumi é sugestivo, e ela sorriu esperançosa de que alguma informação lhe fosse dada.

𝙀𝙁𝙁𝙊𝙍𝙏𝙇𝙀𝙎𝙇𝙔, 𝘣𝘢𝘯𝘨𝘤𝘩𝘢𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora