O relógio marcava 22h17 quando Chan finalmente entrou no dormitório. O ar estava parado, o silêncio quase estranho demais para uma casa que normalmente pulsava com risadas, jogos e vozes misturadas de oito garotos que se tornaram irmãos.
Ele soltou a mochila no chão da entrada, tirando os tênis com um suspiro arrastado. A reunião de horas sobre o próximo comeback ainda ecoava em sua cabeça — pressão para bater metas, mudanças na tracklist, coreografias que ainda não estavam prontas, o conceito que queriam empurrar mesmo ele discordando... e, como uma sombra constante, o nome de Nari pairando em silêncio em cada subentendido. Como se ela fosse a razão de qualquer desvio de foco.
Ele passou a mão pelo rosto, exausto. Só queria um banho quente e talvez dormir algumas horas sem sonhar com tudo o que perdeu.
Mas quando virou o corredor em direção à sala, Chan parou.
Todos os membros estavam lá. Em pé. Alinhados.
Era uma visão incomum. Se fosse uma brincadeira, alguém já teria rido. Mas ninguém riu.
— O que está acontecendo...? — ele perguntou, franzindo a testa.
Hyunjin foi quem deu um passo à frente. Seus olhos estavam baixos, as mãos trêmulas ao lado do corpo.
— Hyung... pode se sentar, por favor?
Chan hesitou por um momento, mas obedeceu. Sentou-se no sofá, o olhar desconfiado, cansado. Minho fechou a porta atrás de si, e então, sem aviso, todos — um por um — abaixaram-se em uma reverência profunda.
Uma reverência silenciosa. Demorada. Profundamente respeitosa.
A respiração de Chan parou por um segundo. O peito apertou como se tivesse sido golpeado.
— O que... o que vocês estão fazendo? — ele perguntou, surpreso, a voz falhando.
Changbin foi o primeiro a erguer a cabeça, lágrimas nos olhos que ele tentava esconder com um sorriso pequeno.
— Hyung... a gente sabe.
— Sabemos de tudo — completou Seungmin. — Sabemos o quanto você amava a Nari. O quanto ainda ama.
— E sabemos também o que você sacrificou... por nós — disse Jeongin, os olhos fixos no chão.
— Você sempre nos protegeu, sempre carregou tudo nas costas — falou Jisung, a voz embargada. — E agora... perdeu alguém que te fazia feliz. Por nossa causa. Por causa desse grupo.
Chan abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Só o som da sua respiração descompassada.
— Não podíamos ficar calados. Você nunca pediu nada em troca, mas a gente precisava dizer. Precisava te agradecer, mesmo que você não queira ouvir — continuou Hyunjin, ajoelhado, a cabeça ainda abaixada. — Você sacrificou seu coração pela imagem, pelo grupo, por nós. Isso não é justo, hyung.
Felix levantou os olhos marejados.
— Você sempre diz que somos uma família. E uma família também cuida de quem cuida. Então... obrigado, Chan. Por tudo.
O líder os olhava, incrédulo. Seus meninos. Seus irmãos. Todos ali, dobrados diante dele. E por um segundo ele quis chorar, gritar, pedir para o mundo parar e devolvê-lo à Nari. Mas ele engoliu em seco, levantou-se do sofá, e com passos rápidos aproximou-se do grupo.
— Chega. — sua voz saiu baixa, mas firme.
Ninguém se moveu.
— Eu disse... chega. — Chan repetiu, e foi então que se ajoelhou também, bem no meio deles.
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𝙀𝙁𝙁𝙊𝙍𝙏𝙇𝙀𝙎𝙇𝙔, 𝘣𝘢𝘯𝘨𝘤𝘩𝘢𝘯
Romance━━━ ❝Eu olho para as estrelas dia e noite, porque eu sei que você está esperando. Eu estarei lá.❞ Atravessar o mundo em busca de um sonho não é fácil, ainda mais quando tudo é posto em prova por causa de um pequeno acidente: o amor. O que fazer quan...
