𝙀𝙁𝙁𝙊𝙍𝙏𝙇𝙀𝙎𝙇𝙔, 𝘣𝘢𝘯𝘨𝘤𝘩𝘢𝘯

5.

— O que você acha sobre signos? — Chan perguntou, sua voz quebrando o silêncio da madrugada.

Estávamos no terraço do prédio, rodeados pela escuridão e pelas luzes piscantes da cidade. A brisa fresca da noite parecia trazer consigo uma leveza que contrastava com a inquietação de Chan, que lutava contra suas rotineiras insônias. E eu não hesitava em lhe fazer companhia. Meu coração batendo forte no peito, e minhas palmas suadas. Tudo por ele.

— Acho engraçado, quer dizer, como as estrelas poderiam dizer se vou ter sorte profissional na semana que vem ou se nós combinamos. — Eu ri, olhando para o céu estrelado, pensando nas constelações que brilhavam distante. Enquanto mastigava um doritos crocante, deixei a leveza da conversa tomar conta de mim.

Chan me observava atentamente, como se estivesse tentando decifrar algum enigma no meu rosto. Ele não se afastou, pelo contrário, inclinou-se um pouco mais perto, e a proximidade me fez sentir um frio na barriga.

— Você acha que sim? — A voz dele era baixa, quase um sussurro, enquanto ele se aproximava ainda mais do meu corpo. Então, para minha surpresa, ele beijou minha têmpora com um carinho que me fez estremecer, como se um raio de calor tivesse se espalhado por mim. Ele se aconchegou, e o contato fez meu coração disparar ainda mais.

— O quê? — Fiquei confusa por um momento, o calor se espalhando pelo meu rosto. Sua pergunta me pegou de surpresa.

— Você acha que combinamos? — Ele repetiu, sua expressão séria, os olhos castanhos fixos nos meus, buscando uma resposta que parecia muito mais profunda do que eu esperava.

Engoli em seco, sentindo um misto de nervosismo e excitação. Olhei para o céu, buscando nas estrelas uma resposta que eu sabia que não estava lá.

— Bem, eu... — Comecei, hesitando. O que eu diria? Queria dizer que ele era tudo que eu sempre sonhei, que o que sentíamos era especial. Mas as palavras pareciam escapar de mim, como se um nó se formasse na minha garganta. — Eu acho que sim. Quer dizer, nós...

Chan riu alto, claramente se divertindo com minha falta de jeito. Mas antes que eu pudesse expressar minha raiva, ele me atacou com um enorme abraço, enterrando seu rosto em meu pescoço.

— Nari, você fica linda assim nervosa por minha causa. — Ele murmurou, a voz abafada em minha pele. A sensação de sua respiração morna me deixou em um estado de êxtase, e eu não pude evitar um sorriso involuntário e incrédulo.

— Chan! — Exalei, rindo e tentando empurrá-lo levemente, mas ele não se mexeu.

— Sério, eu não consigo não me sentir atraído por você. — Ele se afastou apenas o suficiente para me olhar nos olhos, a expressão dele era uma mistura de brincadeira e sinceridade. Suas orelhas vermelhas indicavam que, apesar da pose inquebrável, ele estava envergonhado pela vulnerabilidade.

Senti meu rosto esquentar enquanto tentava encontrar as palavras certas para expressar o que estava em meu coração. Eu queria que ele soubesse que o que estávamos vivendo era algo especial para mim, que ele era mais do que apenas um amigo. Mas, com a sua presença tão próxima, o nervosismo se tornava quase insuportável.

— Você sabe que isso é complicado, certo? — Consegui dizer, a voz um pouco trêmula. — A nossa amizade... tudo isso...

— Amizade? — Chan interrompeu, com uma expressão de desafio. — Eu não quero ser apenas seu amigo, Nari.

Um silêncio carregado pairou entre nós enquanto eu processava suas palavras. Meu coração estava acelerado, a expectativa no ar era quase palpável. Era verdade; eu também não queria que isso ficasse apenas na amizade, mas e se as coisas não saíssem como planejado? E se isso arruinasse tudo?