Take This Heart || Bella e Carlisle

3. The Only Exception {Carlisle}

{Carlisle Cullen}

Quando cheguei em casa do trabalho depois do primeiro dia de Edward de volta à escola, ele estava parado na porta parecendo perturbado. Talvez fosse paranoia mas, eu imediatamente comecei a imaginar quanto controle de danos seria necessário.

Edward levantou uma sobrancelha, um sorriso sarcástico em seu rosto.

— Você não tem nenhuma fé em mim? — ele perguntou quando desci do carro.

Suspirei de alívio.

— O que aconteceu? — perguntei, caminhando até a varanda e inclinando meu ombro contra a parede próxima a ele. Edward automaticamente se ajustou para que também estivesse inclinado, tomando uma pose habitualmente humana em resposta a minha. Perguntei-me se ele estava ciente do que fez. Eu tendia a fazer tais poses sem pensar muito sobre isso, mas Edward era o único de meus filhos que mudava sua posição para combinar com a minha quando estávamos em casa.

— Eu não consigo ouvi-la — ele disse, colocando suas mãos dentro dos bolsos.

Franzi o cenho.

Quem nós estamos ouvindo?

Perguntei silenciosamente, me questionando se havia algum tipo de perigo. Eu não conseguia detectar nenhum som incomum no bosque em torno da casa. Edward não parecia estar em alerta para nada, mas suas palavras me deixaram inquieto.

— Bella Swan. Eu passei o dia tentando ouvir seus pensamentos. Ela é silenciosa.

— Você conseguiu ouvi-la antes de ir embora para o Alaska?

— Eu estava muito ocupado planejando maneiras de matá-la para sequer notar — ele admitiu.

— Isso é inconveniente. Não ser capaz de ler suas intenções fará com que seja mais difícil agir cautelosamente na presença dela.

— Porque? Porque eu não consigo ouvi-la?

Fiquei intrigado com isso por um momento.

— Você já se deparou com alguém que não pudesse ouvir antes?

— Não que eu me lembre — ele disse, e eu não pude deixar de sorrir um pouco com a sua escolha de palavras. Sua memória era, claro, perfeita. Essa era simplesmente uma forma humana de dizer as coisas, e eu estava feliz que ele o fez tão naturalmente.

— Alguém que você teve dificuldade de ler?

— Ninguém que não estivesse intencionalmente tentando me bloquear — ele disse, olhando diretamente para mim.

Meu sorriso aumentou um pouco. Eu era culpado de fazer isso de vez em quando, particularmente quando eu estava lutando contra meus sentimentos sobre ele se vinculando com Esme.

— Imagino que você não consiga detectar nenhuma contramedida distrativa dela, então?

Ele balançou a cabeça.

— Nada. É como se ela não tivesse pensamentos.

Passei o polegar sobre meu lábio, pensativo, uma mania que eu havia pego de um antigo colega quando um paciente meu me disse que eu costumava ficar muito parado quando estava concentrado.

— Talvez a mente dela funcione diferente da maioria da população — eu sugeri. — Ou talvez ela pense simultaneamente enquanto fala, de forma que a voz mental dela seja obscurecida. Ela parece descuidada ou extremamente falante?

Ele balançou a cabeça.

— Pelo contrário, ela parece ser bem cuidadosa sobre o que permite ser dito em voz alta. E não é somente conversação. Eu não vejo nenhum pensamento visual dela também.

— Interessante — murmurei. — Você notou mais alguma anormalidade?

— Ela é extremamente desajeitada.

Eu levantei a cabeça para encontrar seu olhar.

Desajeitada?

Minha mente correu rapidamente sobre as minhas especulações a respeito do passado violento do chefe da polícia e da possibilidade dele continuar o ciclo.

Ela poderia estar simplesmente escondendo os ferimentos?

Edward riu suavemente.

— Eu duvido, Carlisle. A garota tem talento para achar coisas para tropeçar ou esbarrar. Depois de um dia observando-a pela mente de seus colegas de classe, eu me pergunto se ela não tem algum tipo de desconexão entre seu cérebro e seus membros. Eu suspeito que qualquer ferimento que ela tenha seja meramente o resultado de uma memória muscular extremamente fraca.

Acenei, colocando minhas suspeitas de lado e me sentindo culpado por tê-las em primeiro lugar. Eu gostava de Charlie Swan. Nas ocasiões que eu havia trabalhado com ele, havia apreciado sua honestidade e meticulosidade.

— Você não tem que se sentir mal por pensar dessa forma, Carlisle — Edward disse, divertido. — Você é um médico. É parte do seu trabalho procurar por pistas assim.

Eu respondi silenciosamente, pelo bem da privacidade do chefe da polícia.

Se as minhas preocupações viessem de ferimentos suspeitos, você teria razão. Da forma que é, eu estou julgando o homem simplesmente por causa do abuso que foi infligido nele quando criança. Não é justo.

Edward acenou, admitindo meu ponto, antes de virar sua atenção para o céu.

— É irritante, Carlisle — ele disse, e eu não precisava de sua habilidade de ler mentes para saber que ele estava pensando sobre o silêncio mental da garota Swan novamente. — E pacífico. É bom não ter que ouvi-la pensar sobre o quão estranho eu sou. Se eu não soubesse melhor, eu poderia pensar que ela não achou nossa família repelente — Ele sorriu melancolicamente por um momento, mas então franziu a testa pela direção que meus pensamentos tomaram.

— Honestamente, Carlisle, quando você vai parar de se culpar por salvar a minha vida? Claro, é uma maneira de viver pouco convencional, mas é prazerosa o suficiente. Você não me "condenou" a nada.

"É uma existência solitária." Pensei com um pouco de melancolia.

Ele abaixou a cabeça em pesar.

— Não para todos nós.

Claro. Aqueles que encontraram seus pares obviamente teriam a dor aguda da solidão aliviada.

Em mais de trezentos anos, eu nunca tive o prazer de encontrar um par para a minha alma. Então, naturalmente, eu sentia o isolamento da sociedade mais profundamente do que meus amigos.

— Uma companhia para você seria uma criatura rara, realmente — Edward disse suavemente.

Dei um sorriso abatido.

Agradeço a Deus por você, Edward. Se não fosse pela sua amizade, eu acho que ficaria louco.

Ele acenou em concordância aos meus pensamentos, um pequeno sorriso em seus lábios.

— Vou caçar de novo esta noite — Edward disse, provavelmente mudando o tópico da conversa para aliviar meu desconforto. — Parece que você precisa correr um pouco.

Sorri de volta.

— Sim, estou pronto para uma caçada. Eu vou com você.