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A claridade de um novo dia passava através das cortinas brancas do quarto onde dormia. Alarme definido para seis da manhã, porém acordada às 05:15. Desliguei o relógio e vesti minha blusa antes de ir até o banheiro me preparar para mais um dia de trabalho.

- Millie - Finn chamou. - Volta pra cá.

- Eu preciso ir - Falei. - De noite estarei aqui de novo.

- Você não poderia pedir férias para sempre?

- Ser demitida? - Perguntei enquanto lavava o rosto.

- Você fica uma gracinha na sua roupa de trabalho.

- Então. - Liguei o chuveiro e coloquei na temperatura mais fria possível.

Nova York nessa época do ano costuma ser tão quente que me sinto num deserto. Eu e Finn tínhamos um ar-condicionado, mas ele quebrou e o conserto estava caro. Virou sucata.

Arrumei meu cabelo do mesmo jeito de sempre: um coque com alguns fios soltos na frente. Eu não gosto de chamar atenção.

- Não me deixa, eu vou morrer. - Finn me abraçou enquanto eu terminava de passar meu batom.

- Eu vou fazer seu café na manhã - Me soltei do seu abraço. - Mas preciso do carro.

- O que você quiser.

Não entendo como Finn pode achar que estamos numa boa. Quero dizer, ele me traiu  um dia depois de me pedir em casamento e resolvi dar outra chance para ele. Mas isso porque ele disse que me amava. E talvez eu acredite nisso, mas não consigo esquecer o que aconteceu.

- Estou saindo.

/

Deixei o carro na mesma vaga de estacionamento, mas dessa vez tinha algo diferente. Parece que alguém juntou dinheiro o bastante para comprar uma Ferrari vermelha. Mas não o suficiente para aprender a estacionar corretamente. Por causa disso, tive dificuldade para deixar o meu no lugar certo.

O sol já estava castigando todo mundo. E particularmente eu acho muito difícil durante esse mês de férias terem instalado, no mínimo, ventiladores. É claro que a sala do chefe tem ar-condicionado, um frigobar pessoal para ninguém pegar sua porcaria de suco verde e uma equipe caso o aparelho quebre.

Mas nós, os funcionários de Harold Sink? É claro, ficamos nas nossas mesas. Eu praticamente imploro para que ele me chame na sua sala, assim posso usufruir do ar-condicionado por cinco minutos.

Todos estavam agitados, isso era normal e compreensível. As férias acabaram, hora de voltar a trabalhar feito burros de carga por um salário que mal paga o aluguel.

- Bom dia. - Cumprimentei a recepcionista que estava arrumando sua bolsa em cima no balcão.

O elevador estava demorando, mas ir de escada nem se passava pela minha cabeça.

Durante a espera, uma mulher de cabelos ruivos parou ao meu lado. Ela usava uma calça social preta, blusa de mangas brancas e segurava seu blazer junto com uma bolsa chique. Ela batia os pés enquanto esperava. Acompanhava cada andar com o próprio olhar, parecia nervosa.

- Você é nova? - Perguntei.

Minha comunicação com todos sempre foi muito boa, talvez seja por isso que consegui certas coisas na vida.

- Hum... Sim. - Respondeu, finalmente tirando os olhos do elevador. - Eu não sei como funcionam as coisas ou como me locomover por aqui.

Hey, boss • SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora