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Eu sentia como se minha cabeça fosse explodir.

Jeanne reclamava sobre a outra fisioterapeuta e o quanto ela foi apressada para terminar as sessões.

Tomei um gole da minha água, controlando a vontade de mandar ela calar a boca ou revirar meus olhos de tanto tédio.

Indiquei a maca e ela se levantou com dificuldade, mas assim que se deitou, iniciou mais um falatório.

Acho que odeio beber, preciso me lembrar disso hoje, quando for visitar Sadie no escritório. Para ser bem sincera, embora eu goste de ir lá todos os dias depois do expediente — Fiz isso durante toda a semana passada, me preocupo com o fato dela estar trabalhando por muitas horas.

Arrumei meu jaleco e verifiquei as horas no relógio. Temos quarentena minutos, Jeanne.

/

- A-ah... Millie - Sadie soltou um grunhido.

- Está doendo? - Pergunto.

Ela balançou sua cabeça positivamente e cobriu o rosto com as mãos.

- Eu vou forçar só um pouco mais, está bem?

- Está bem, vai em frente...

Quando coloco um pouco mais de força, ela gemeu alto, jogando a cabeça para trás e embolando os dedos nas almofadas em baixo de si.

- Aguenta firme - A encorajo. - Está quase.

- Millie... - Sua voz saí falhando.

Finalmente saio de cima de Sadie, isso permite que ela relaxe o músculo da perna machucada. Com certeza acha esses alongamentos uma tortura, e não tiro sua razão.

- Meu Deus, o que diabos você foi fazer na saída de emergência?

- Eu vi... - Explicou. - Que toda empresa precisa de extintores na saída. Fui verificar e... Bem, aqui não tem. - Ela se apoiou para levantar, mas eu intervi.

- Você não vai a lugar nenhum. Descanse.

- É, aí acontece um incêndio e todos morrem de forma instantânea porque não temos extintores. - Sadie forçou mais uma vez a se levantar.

- Não levanta, porra.

Ela me olhou com uma expressão de raiva, mas resolvi ignorar.

Eu estava agachada ao seu lado, já que improvisamos algumas almofadas na sua mesa de centro. Estou trabalhando hora extra.

Num momento de distração, Sadie abaixou sua saia e se levantou de vez.

- Viu? Estou bem.

- Você não está bem. E vai ficar muito pior se continuar fazendo besteira.

- Quem mandou você ser fisioterapeuta mesmo? - Ela caminhou até sua cadeira e se sentou.

Quando fez uma careta e apertou levemente sua perna machucada, eu tive absoluta certeza de que ela precisava de ajuda. Ajuda de verdade.

- Amanhã você não vai trabalhar.

- Ficou maluca? É só minha perna.

- Vou buscar você às seis, iremos até a clínica que eu trabalho e lá vamos saber o que você tem.

- Eu não posso.

Estava prestes a responder, mas a porta do elevador se abriu e fiquei nervosa demais para continuar.

Os passos se aproximavam da sala, Sadie se levantou com um abajur nas mãos enquanto encarava atentamente a porta.

- Não, não precisamos disso tudo. - Joseph passou pela porta e se sentou na cadeira em frente a mesa.

Sadie e eu nos encaramos. Eu esperava uma explicação dela, mas... Ela estava tão confusa quanto eu.

- Lembra do que eu disse no dia da festa, senhorita Brown? - Ele solta um risinho enquanto balança a cabeça. - Sou um homem de palavra.

- O que quer dizer?

- Quero dizer que dessa vez não serão apenas palavras - Um pen-drive preto foi mostrado. - Tenho imagens, que eu considero bem chocantes.

- Que tipo de imagens? - Ela perguntou.

Sabendo de que imagens se tratavam.

Digamos que durante a semana passada, nós não esperamos para chegar até seu apartamento.

Mas também, eu achava que ela teria essas gravações. E não... ELE.

- Ah, Sadie, vamos lá - Joseph alternava o olhar entre eu e ela. - Sabemos. Você sabe.

- Sim... Sim - Falou. - E o que você pretende fazer? Quero dizer, essas imagens vão servir para você trazer o fim da empresa?

- Talvez você e sua ex-funcionária juntas, passando a noite do seu escritório... Uma mulher na administração.

- Joseph... Você realmente acha que vai conseguir?

- Com provas? Sim.

- Ok - Ela suspirou e se levantou em seguida, indo até a porta. - Pode ir, faça seu melhor.

- Mesmo? - Até ele parecia chocado.

- Sim. Vamos, será que dessa vez você se sai melhor?

- Será diferente. Dessa vez.

- Está bem - Sadie apontou até a saída. - Eu vou esperar.

Quando ele saiu, eu só olhava para Sadie sem entender absolutamente nada.

- Ele... Ele? ELE? Sadie?

- O que foi?

- É a sua empresa, você não vai fazer nada?

Ela balançou a cabeça.

- Não. Não será necessário.

Hey, boss • SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora