ghost

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Coloquei meu casaco azul, peguei as chaves do carro e saí.

Desci as escadas ensaiando o que ia falar caso a namorada de Hannah me fizesse algumas perguntas. Entrei no carro que estava com o cheiro do perfume de Finn e tive que abrir as janelas para o ar circular.

Balancei a cabeça para afastar os meus pensamentos sobre ele, mas vi alguém sentado na calçada. Alguém que parecia com Finn. Talvez até fosse ele. Estar aqui perto para pegar suas coisas...

Liguei o carro e passei lentamente por perto do figura que estava sentada na calçada. Mas era só um homem de meia idade.

Coloquei o GPS na localização que Hannah tinha me mandado e segui as direções que eram dadas.

Quando virei na terceira esquina, o semáforo fechou e alguém que parecia com Finn atravessou a rua.

- Que merda. - Eu sei que estou parecendo uma maluca por falar sozinha ou achar que qualquer pessoa de cabelo cacheado, uma jaqueta preta e de costas curvadas era ele.

As luzes sinalizando a placa do restaurante ficaram mais fortes, eu estava perto. Dirigi até o estacionamento e antes de entrarmos, era necessário deixar a chave com algum manobrista que estivesse na entrada.

- Boa noite, é só deixar a chave do carro.

Peguei a minha bolsa e logo reconheci aquela voz. Dessa vez não era coisa da minha cabeça. Olhei para ele, que estava de cabeça baixa olhando para o celular.

Queria sair sem que percebesse, mas assim que levantou o olhar ele me reconheceu.

- Parece que arrumei um emprego - Falou enquanto se dirigia até o carro. - Pode dar licença, meu chefe está ali me observando e eu quero esse dinheiro.

Eu estava em estado de choque, mal conseguia me mexer e tinha tantas coisas passando pela minha cabeça.

Ele sorriu.

- Achou que nunca mais iríamos nos ver? Na verdade, eu também - Deu ombros. - Sendo bem sincero, mandei aquela mensagem porque quero as minhas coisas.

- Estão embaladas - Finalmente criei coragem e falei. - Pode ir lá amanhã e pegar.

- No sábado eu nem posso sonhar em sair daqui até o restaurante fechar.

Alguns carros estavam buzinando atrás do meu. Entreguei as chaves na sua mão e antes de entrar completamente no carro ele me olhou mais uma vez.

Hannah estava agitando seus braços para que eu fosse até sua mesa e chegando lá esbocei um sorriso, mesmo que minha atenção e minha mente estivessem fora daqui, me impedindo de sorrir.

- Essa é minha namorada - Sorriu. - Dá oi, bia.

- Você está bem?

- Uhum - Sentei ao lado de Hannah. - Só estou meio cansada, e hoje é sexta, eu pretendo voltar para casa rápido e afundar no sofá enquanto tomo um pote de sorvete.

- Parece uma boa programação - Bia sorriu.

- É, sim. - Olhei pela janela que dava uma vista para o estacionamento e tentei esquecer aquela conversa. Focar apenas aqui.

/

Mesmo eu estando com pressa no início, a conversa acabou sendo tão agradável que ficamos até o restaurante praticamente fechar. Bebemos vinho branco que Hannah pediu e bia me explicava sobre a clínica.

Eu iria trabalhar a mesma quantidade de horas. A grande diferença era o quanto eu precisaria dirigir até lá e cem dólares a mais no salário.

Depois de me despedir, fui até o guichê para pegar as chaves do carro.

- São dezoito dólares.

- Ali na placa disse que são cinco.

- Meia hora - Falou enquanto procurava as chaves. - Depois disso cada dez minutos custa um dólar.

Coloquei as notas na sua mão e peguei a chave, evitando que ele falasse mais alguma coisa.

Não foi suficiente.

- Vou com você.

- Eu não te chamei.

- Se eu pegar logo as minhas coisas nós não vamos mais precisar nos ver.

Assenti e então ele me seguiu até o carro, sentando no banco do carona.

- E aí? O que você está fazendo?.

- Por que isso te interessa?

- Na verdade... Não me interessa não. O negócio é que você é entediante, por isso estou tentando manter uma conversa.

Segurei o volante mais forte, ele estava me deixando irritada.

- Ainda continua trabalhando na empresa da ruiva irritadinha?

- Da Sadie Sink? Sim.

- Quem são essas?

- Cala a boca, Finn - Pedi. - Cacete, eu não quero conversar com você.

- Uma pena - Ele inclinou o banco e cruzou os braços. - Você está namorando alguém?

- Ficou surdo?

- Tá, tá.

Quando chegamos eu senti um alívio enorme. Subi na frente e ele vinha logo atrás de mim, resmungando.

Abri a porta e ele se jogou no sofá.

- Você não vai ficar. Pegue suas coisas e vá embora. - Apontei para as caixas perto do sofá. Eu as tinha deixado lá para o caso dele aparecer aqui repentinamente.

- Fica com isso - Finn tirou um chaveiro de guitarra de uma das caixas. Ele colocou nas mãos para mostrar e vi que ainda estava com a aliança. - Eu te dei quando comprou o carro.

- Não quero.

Mesmo assim, ele deixou em cima da mesa antes de sair e depois bateu a porta.

Olhei para o chaveiro mais uma vez antes de decidir que iria colocá-lo numa pequena caixa em cima do centro.

- Eu sou uma idiota.

Hey, boss • SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora