door

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Um vento frio passou repentinamente por mim, fazendo com que eu puxasse o lençol e só então percebi que não estava sozinha. Se fossem os últimos minutos assim, eu prefiro ficar aqui. Olhando para baixo, estava óbvio que eu não estava vestida, assim como Sadie.

Fechei os olhos, e fiquei assim por alguns segundos antes de Sadie respirar fundo. Eu sabia que ela estava acordada, já que mexia no meus cabelos, fazendo meu sono voltar.

- Que horas são? - Perguntei enquanto tentava criar coragem para levantar em plena terça-feira.

- Ainda não vi - Falou. - Acho que se eu me mexesse, você se acordaria.

Controlei minha vontade de sorrir, já que meu sono era pesado e assim seria muito difícil eu perceber que ela saiu.

Abri os olhos devagar, e esperava tentar me acostumar com a claridade, mas as cortinas escuras não permitiam a entrada dos raios de sol.

Era como se ainda estivesse de noite.

Ela se esticou para pegar o celular e soltou um grunhido quando viu as horas e escutou várias notificações chegando. Eram três da manhã. O celular foi colocado brutalmente em cima da cama e então se levantou.

Fiquei sem entender no início, por isso me sentei vagarosamente, tentando acompanhar seus passos, já que estava escuro. Sadie estava com um copo na mão, e depois de beber o que quer que seja aquilo, se deitou ao meu lado.

- O que foi? - Perguntei.

- Trinta e três.

- Trinta e três?

- A mesa - Explicou. - Foi a mesa que meu pai sempre sentava, desde que era jovem. É só a porra de uma mesa, eu odeio esse maldito sobrenome.

Não entendi exatamente por que ela estava com raiva.

Suspirei, e então Sadie olhou para mim.

- Você não queria isso, queria? - Perguntei.

- O que?

Contraí os lábios e levantei, procurando meu roupão. Assim que vesti, fui até a porta e por pouco não bati o rosto, estava escuro demais.

O corredor parecia mais longo, eu não sabia exatamente me situar por aqui. Mas uma porta que exibia uma luz meio esverdeada me fez pensar que era lá.

Mas não era, pelo olhar de Sadie, que acendeu a luz do corredor e agora estava ao meu lado.

A porta era branca como as outras, mas tinha uma plaquinha eu não consegui ler sobre o que falava. O banheiro estava atrás de mim.

Ela observava tudo em silêncio, cada detalhe parecia não passar despercebido, e por um momento isso ficou estranho.

- Achei que era o banheiro, desculpa.

- Está tudo bem. - Ela trancou e então pegou as chaves.

Que ótimo, agora parece que sou uma ladra.

Bati a porta do banheiro e assim que entrei lá, encarei meu reflexo. Meu cabelo estava bagunçado, e isso talvez tenha feito com que eu anulasse o evento de alguns minutos atrás e lembrasse apenas do de algumas horas. Soltei uma risada enquanto encarava meus pés e então puxei o laço do roupão. O reflexo no espelho me incomodava, por isso apaguei a luz e comecei a tocar cada parte do meu corpo, era como se conferisse que nada havia sido roubado.

Escutei batidas na porta e abri rapidamente, não queria que ela achasse que eu estava roubando seus shampoos.

- Ah, você estava... - Ela apontou para o meu roupão aberto. - É, estava... Isso aí.

Fiz o laço novamente e então saí do banheiro, passando por perto dela.

- Eu já me diverti o suficiente.

- Conseguiremos nos acordar às cinco?

- O que?

- Merda - Resmungou. - Vamos fazer isso mais uma vez.

- Sadie? - Perguntei enquanto observava ela andando de um lado para o outro.

- Céus, você vai me odiar.

- Eu não estou entendendo mais nada, será que você poderia ficar quieta e me explicar?

- Volta para a empresa, por favor.

- Sadie, eu não sei não...

- Por que? É por causa da demissão? Sabe que eu não posso.

- Estaria sendo injusta.

- Não, eu preciso de você.

- Pode me pedir qualquer coisa - Falei. - Mas não isso. Não agora.

Eu posso voltar. Mas não hoje ou amanhã.

Hey, boss • SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora