Porque barcos tem de ser sempre sujos? Sujar é bom, agora quero ver limpar. A pior parte é onde eu estou agora, na cozinha. Essas louças imundas usadas por bêbados e marujos inúteis.
- Odeio meu trabalho, esses marujos só sabem sujar as coisas.- Penso em voz alta.
- Pode ir se quiser, ninguém esta pedindo pra você ficar mocinha.- Diz a Capitã, e eu me assusto no momento, mas então reviro os olhos e digo.
- Realmente ninguém. Se eu não estivesse em alto mar, mais nada me seguraria aqui Capitã.
Ela balança a cabeça negando e saindo da cozinha depois de ter pegado um vinho branco.
Inesperadamente um dos marujos entra na cozinha pedindo para todos irem para o deque principal que era ordens da Capitã. Logo eu e todas as outras faxineiras e cozinheiras nos dirigimos para o deque.
- Marujos e faxineiras. - Ela olha diretamente para mim com um sorriso de lado e uma piscadinha.- Iremos passar pelas redondezas das sereias, então ordeno para que todos os homens desorientados entrem em lugares onde seja impossível ouvir o canto delas. Sei lá, se tranquem nos banheiros, se amarem nas madeiras, só peço que não morram, precisarei de vocês em breve. Ah e também quero um chá de camomila aqui na cabine principal, obrigada.- Depois de dizer isso ela sai e entra na cabine principal.
Entro na cozinha novamente para preparar o chá da Princesinha, resolvi levar umas bolachas também, vai que ela está com fome.
- Esta aqui Capitã, o seu chá de camomila, como você ordenou.- Observo ela sentada na cadeira super confortável que só ela pode se sentar, já que ela é a Capitã.
- Obrigada Cheri, deixe ali em cima por favor.- Ela nem olha na minha cara.
- Olha só a Princesinha pedindo "por favor", hum gostei.- Assim que digo isso, ela me olha com uma cara brava.
- "Princesinha"? Não tinha apelido melhor não?- Ela diz com um sorriso falso e com um deboche surreal que até eu achei um insulto.
- Olha agora que você falou, eu já pensei em Madame ou Mesquinha, mas esse foi o que encaixou melhor.- Digo rindo e soltando um deboche assim como ela fez anteriormente.
Ela se levanta e chega mais perto de mim, bem mais perto que o normal.
- Qual é o teu nome mesmo?- Ela pergunta me olhando de cima a baixo.
- Lua, mas por que você quer saber?- Pergunto seriamente.
- Sabe, a vida de uma "Princesinha", não é fácil sabia Lua? Eu fico a maior parte do tempo sozinha e planejando uma rota que talvez possa arriscar não só a sua vida, como a de todos que estão aqui nesse barco. Então se eu fosse você, não diminuiria a função de alguém sem nem mesmo a conhecer.- Ela diz se aproximando ainda mais de mim, e eu vou indo cada vez mais para trás, até eu me encostar na mesa principal da cabine, minhas mãos se apoiam na mesma e ela continua seu discurso.- Mas mesmo eu tendo absoluto controle sobre esse barco, eu não quero fazer mal a você. Mas eu prometo a mim mesma, que se você fizer mais uma gracinha sob meu barco, eu não tomo responsabilidade das minhas próximas atitudes. Esta claro, Lua?
Eu sigo assentindo tudo o que ela diz até o fim.
- Está sim Capitã, isso não se repetirá mais.
- Pode ir agora.- Ela se afasta de mim, me dando passagem e se sentando em sua cadeira aparentemente macia.
- Não quero.- Me viro a encarando.
- Por que? Não consegue? A porta está logo ali.- Ela aponta para a porta.
- Não faço ideia de onde me esconder das sereias.
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Platônico
RomanceRomances curtos e diferentes a cada capítulo. Entre eles: impossíveis, apaixonantes e complexos. Duvido você não se apaixonar por pelo menos um capítulo.