A chuva, ela é tão calma na maioria das vezes, sempre que ela chega da uma enorme vontade de dormir ou simplesmente ficar quieta no seu cantinho. Exatamente nesse momento eu estou dentro do meu carro pensando como vai ser meu encontro amanhã. Finalmente vou conhecê-lo pessoalmente, faz tempo que conversamos pela internet e sempre quis vê-lo mais de perto.
Combinamos em nos encontrarmos num restaurante famoso daqui de nossa cidade, chama-se Paris 6. Veio de lá minha paixão pelas sobremesas mais doces.
Estava ansiosíssima, já tinha até comprado uma roupa para essa ocasião especial, comprei um vestido branco e uma tiara de pérolas, eu iria ficar uma graça.
E finalmente chegou o dia, exatamente oito da noite, estou sentada o esperando. A primeira coisa que pensei quando me sentei no banco e não o vi foi pensar que normalmente é o homem quem espera a mulher, mas desconsiderei esse pensamento idiota.
Assim que ele chega, a imagem não era a mesma que eu via todos os dias por uma tela, ele era mais barbudo do que pensava, achei que ele fosse ruivo dos olhos azuis, mas nada que estava aparente em seu rosto me fazia acreditar que era realmente o homem por quem me apaixonei. Relevei tudo isso e continuei com um sorriso deslumbrante no rosto. Ele se senta ao meu lado e me cumprimenta. A conversa começou a fluir naturalmente, mas ele dizia coisas estranhas sobre mim, comentários que talvez ele tenha soltado sem querer, mas fui ignorando esses fatos.
- Quer que eu te leve para casa? Já está tarde para você ir andando.- Ele diz fixando seu olhar no meu.
- Se não for incomodo eu prefiro, realmente está tarde para mim ir andando.- Digo e ele sorri, confesso que esse ato me assustou um pouco, não foi um sorriso comum, esse sorriso parecia exagerado e amedrontante.
Ele pagou e saímos juntos. Ele foi me guiando até seu carro, e parecia que o mesmo nunca chegava.
- Seu carro está perto?- Perguntei a ele.
- Cala a boca e anda!- O jeito grosseiro da forma que ele falou, percebi que não era nada real, ele não me trata da forma como eu deveria ser tratada. Eu me senti muito mal só por essa fala, ninguém nunca falou comigo assim.
Entramos no carro ele começou a amarrar minhas mãos, e colocar o cinto em mim. Comecei a chorar de desespero, fiquei calada o caminho todo. Ele dirigia o carro em uma velocidade absurda, estava com medo, muito medo.
Assim que ouço buzinas tocarem e faróis cegando meus olhos decido fechá-los com a maior força que tive naquele instante. Sinto o carro sair do chão e em seguida bater com muita força no solo, depois disso eu não me lembro de mais nada.
Abro meus olhos com dificuldade e pisco algumas vezes ao sentir dor simplesmente olhando para a luz forte que estava a cima de mim. Ouço várias pessoas dizendo repentinas vezes "ela acordou!", não conseguia sentir minhas pernas e muito menos meus braços, minha cabeça latejava constantemente.
- Você está bem? Como está se sentindo?- Uma... médica? me questionava.
Consegui movimentar minha cabeça com dificuldade indicando um "sim", aparentemente ela entendeu e saiu da sala.
Após uns 2 ou 3 dias eu finalmente conseguia movimentar certas partes do corpo com facilidade e conseguia me comunicar melhor também.
- Oi Clara, estou vendo que você está muito melhor do que antes. Esta conseguindo falar?
- Estou sim doutora, mas eu queria te perguntar. A quanto tempo estou aqui?- O sorriso que ela aparentava mostrar acabou desabando com minha pergunta.
- Você está aqui a uns meses já. Mas fica tranquila que já notificamos sua família e eles viram te buscar provavelmente daqui dois ou quatro dias, isso depende de como você vai estar evoluindo.- Quando ela diz isso, começo a me lembrar do acidente que ocorreu a supostamente uns meses atrás, eu só não consigo me lembrar com quem eu estava dentro do carro, parece que isso simplesmente foi anulado da minha mente.
- Agora que eu consegui me lembrar do acidente, você sabe o que houve ou com quem eu estava?- A pergunto encarando-a.
- Não sei se você vai querer lembrar mas para seu alívio, ele foi preso, mas morreu horas depois.- Me assusto do modo como ela fala. Porque eu estaria aliviada por uma pessoa estar morta?
Um tempo depois de conversarmos ela se retira da sala em que eu estava. Começo a pensar e pensar, sobre aquele acidente mas no fim eu chego a uma conclusão sobre isso tudo. Se meu cérebro simplesmente retirou o fato de que tinha alguém do meu lado no dia daquele acidente, significa que realmente foi algo que me abalou muito e que eu não deveria lembrar dessa pessoa.
Depois de quatro dias eu cheguei na minha casa, eu estava cansada demais então já fui para minha cama. E assim que acordei comecei a mexer no meu celular depois de meses sem nenhuma atualização, vejo várias mensagens de meus parentes e respondo todas, inclusive a do contato que está salvado como "amor", não consigo me lembrar dele mas sinto que deveria responder só pelo nome como o salvei.
Dias se passam e esse contato não respondeu ás minhas mensagens, sinto que essa pessoa era essa mesma que estava comigo no carro, mas porque ela seria presa? Sinto que devo e não devo ao mesmo tempo saber quem era. Mas quer saber? Temos coisas na vida que não vão fazer diferença se lembrarmos ou não, mas simplesmente pelo fato de termos esquecidos faz desse acontecimento uma lembrança falha e inútil, nosso cérebro nos priva de acontecimentos que nos traumatizaram. Se eu fui capaz de amar alguém que me levou a ficar paraplégica, realmente essa pessoa não tem um pingo de sanidade mental. Espero que meu próximo amor me leve a um romance um pouco mais calmo e menos prejudicial.
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Platônico
רומנטיקהRomances curtos e diferentes a cada capítulo. Entre eles: impossíveis, apaixonantes e complexos. Duvido você não se apaixonar por pelo menos um capítulo.