◇ CAPÍTULO UM ◇

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Me joguei na pedra ao lado do ringue de luta, exausta.

Cassian não estava pegando leve comigo. Não que eu quisesse isso. Mas tinha que reconhecer, ele me deixou exausta.

- Vai dar pra tráz agora querida sobrinha? - Ele lançou um riso lupino em minha direção.

Passei a mão grossa pelo rosto, sentindo os calos feitos pela espada ali, limpando o suor que escorria em minha testa.

-Ah! mas de jeito nenhum.- respondi, lhe dando um riso de desdém nos lábios.

Levantei e corri com raiva até ele.

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- Você não comente isso com ninguém Rheina. NINGUÉM. -  Cassian se encontrava completamente insatisfeito com o que se seguiu no tempo restante de nosso treino, eu basicamente dei uma surra nele, segurei o riso.

- Seu segredo está seguro comigo, ou não... Az provavelmente me ofereceria a reveladora da verdade, só pra lhe mostrar um pouquinho do que aconteceu aqui.- Ri mais ainda, observando seu rosto com uma feição incrédula-  Ah, fica tranquilo titio, não sou cria de Suriel.  - ri com escarnio batendo uma mão em seu ombro.

Ele bufou, piscando com raiva, passando uma toalha no rosto suado.

Cassian e Azriel me treinavam desde os 11 anos de idade, que foi quando eu decidi que iria ser uma guerreira illyriana como tia nestha, gwyn e emerie.

Eu as amava.
E elas também tinham colaborado com algumas partes em meus treinos.

Inclusive me obrigando a cortar uma maldita fita. Nunca entendi o objetivo daquilo. Mas quando consegui, elas comemoraram.

Ne verdade isso foi ótimo. Eu queria ser uma guerreira, não apenas isso. Eu queria ser boa o bastante pra desafiar Devlon.

O que não foi nem um pouco fácil pra mim.

Meu pai, mesmo fazendo várias mudanças nas regras illyrianas, que eu achava bem arcaicas e idiotas, as vezes ficava receoso com mudanças bruscas demais.

Ele sabia que a aceitação no meio da população illyriana, não seria muito boa, então ficava apreensivo em tentar efetuar tantas mudanças em tão pouco tempo.

Essa recusa na mudança, em parte, vinha dos machos mais velhos, que abraçavam a tradição illyriana como uma tábua de salvação.

O que eu achava tosco.

Infelizmente, as mudanças ali eram lentas... muito lentas. 

Mas o que me fez criar esse intuito de ser uma guerreira e lutar contra tudo isso, vai mais além do que um desejo de mudança.

Eu queria vingança.

Quando era criança, costumava acompanhar meu pai em suas visitas ao acampamento do vento, ele recusava algumas vezes, mas sempre cedia aos meus pedidos.

Aos 12 anos, em uma visita rotineira, conheci lidya.

Era uma jovem illyriana sonhadora, e alegre, assim como eu na época. A conexão foi instantânea entre mim e ela. Nos tornamos muito amigas.
 
Ela amava voar. E sempre me levava junto..eu amava aquilo.

Naquela época, meu pai e meus tios, já haviam conseguido acabar com o corte de asas.

Pelo menos em alguns acampamentos. Então na idade de lidya, ela ainda mantinha as asas.

Muitos ainda lutavam contra isso. Contra a mudança que meu pai queria.

Um dia, eu quis assistir um treino no alto da montanha. Era louca pra ver o que eles faziam lá.

Corte De Flores E FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora