Corte De Flores E Fogo

♤ CAPÍTULO VINTE - ERIS ♤

Acordei com uma lambida em meu rosto. Abri meus olhos lentamente, alguns raios de sol começava a surgir no horizonte. O dia estava nascendo.

Olhei pro lado vi Chama, deitado me encarando. Ele deve ter sentindo minha falta durante a noite. Ri. Meu cão era um fiel amigo. E perseguidor também.

Me mexi um pouco e senti um corpo quente, colado em mim. Com a cabeça em meu braço. Rheina estava linda ali, deitada aconchegada em mim, dormindo plenamente, sua respiração profunda.

O sol, tocava de leve seu rosto, a deixando... incrivelmente linda. Tocava tambem o pingente em seu colar fazendo-o brilhar. Lembrei de sua reação quando o coloquei nela. Ela realmente havia gostado.

Pela Mãe...  o que ela fez comigo.

Queria ficar ali, deitado com ela, ate ela acordar, e ver seu rosto despertando. Seria meu fetiche a partir de hoje.

Chama gruniu, e ela se mecheu sob mim, se aconchegado mais. Toquei levemente seu rosto, sua pele macia.
Não queria acorda- la. Então a peguei no colo, devagar. Sua cabeça aninhada em meu peito.

- Nos encontramos em casa amigão. - Chama se levantou. E eu atravessei com rheina no colo até seu quarto.

Ja dentro do cômodo, eu andei até sua cama, e a deitei. Tirei sua sandalia, e a cobri. As manhãs aqui tendiam a ser frias. Ela se mecheu, mas logo dormiu de novo. Saí de fininho fechando a porta.

Entrei em meu quarto e tomei um banho.. seu cheiro ainda estava em mim. E eu adorei aquilo. Ela era tão doce..

Na mesa do cafe da manhã não conseguia parar de pensar no que rheina havia me dito.

Virgem. Ela era virgem.

Por um instante, eu fiquei apreensivo em toca-la. Não queria que ela fizesse algo que fosse se arrepender depois. Eu a amava demais pra fazer isso.

Só ai então me toquei. Ate me engasguei com essa conclusão. Eu a amava. Eu amava rheina. Queria ela comigo, e faria de tudo pra te- la. Eu so precisava saber se ela sentia o mesmo.

Baseado na noite anterior... ela estava preparada pra mim. Seu carinho, seu jeito comigo.. ela tambem sentia algo.

Eu tinha que fazer essa semana ser inesquecível. Hoje iria a casa da floresta organiza-la. Faria tudo perfeito pra ela. Hoje passariamos a noite la. Queria que fosse bom o bastante pra ela. Tudo tinha que estar perfeito. Enviei algumas de minhas criadas ate a casa.

Depois da morte de meu pai, ninguém havia ido lá. E tambem.. so eu tinha a chave.

Mas solicitei que trocassem tudo. Cortinas, colchas de cama. Tapetes. Tudo. Não queria nenhum resquício de meu pai la.

Estava em meu escritorio resolvendo problemas. Isso em abundância, tinha demais nessa corte. Meu pai era um grão senhor pessimo. Seu povo estava a beira da miséria. Desde que eu assumi, vinha tentando melhorar as coisas por aqui. Mas não era nada fácil.

Varinis apareceu na porta. Me endireitei na cadeira.

- Achei que tinha mandando você para Montesere. - Indaguei encarando-lhe.

- Voltei mais cedo. Você sabe que eu odeio aquele lugar.

- Não me interessa o que você acha Varinis. Sua ordem era pra voltar quando eu mandasse.

Esse garoto me tirava do serio. 150 anos e ainda agia como um jovem de 20. Depois da morte de nosso pai, ele estava tentando a todo custo dificultar  minha vida. Me levantei de minha cadeira. Tentando me conter.

- Você tinha apenas um objetivo. E nem isso conseguiu cumprir.

- Está furioso assim, por que a cadela illyriana esta aqui? Não quer que a puta que você esta fodendo veja a escória da sua família?

Toda raiva que eu estava tentando conter, foi pro inferno. Quando dei por mim, estava no pescoço de Varinis, pressionando-o contra a parede.
Rosnei pra ele apertando seu pescoço.

- Eu sei que você é meu sangue. Mas! Da proxima vez que falar ou pelo menos pensar em uma maldita palavra podre sobre Rheina, eu arranco sua cabeça!  Fui claro irmãozinho ?

Varinis apenas me olhou em choque. Assentiu rapidamente e saiu as pressas de meu escritório.

- E suma de minha vista! - gritei antes dele virar o corredor. Maldição. 

Não queria que rheina o visse. Se ele falasse um A errado, era capaz dela rancar-lhe as bolas. Ele merecia. Mas queria evitar um conflito.

Sai do meu escritório algumas horas depois, e senti o cheiro doce de alguem.

Segui.

Rheina estava na sala de refeições tomando cafe.
Me aproximei por trás dela, e beijei o topo de sua cabeça.

Fiquei surpreso com essa atitude.. era novo pra mim. Sentei ao seu lado. Ela ria relaxadamente.

- Bom dia raio de sol. - Ela estava linda, como sempre. E a gargantilha.. ainda repousava em seu pescoço.

- Bom dia senhor Vanserra. Vejo que esta acordado a um tempo. Ja tomou cafe ?

- Sim, desculpe não ter esperado pra tomar com você. Precisava resolver algumas coisas. Você dormiu bem? - toquei seu rosto. Ela fechou os olhos sentindo meu toque.

- Sim.. mas eu lembro.. de não ter dormido em minha cama.. so que magicamente eu acordei nela agora a pouco. - Abrindo os olhos, Ela ria, curiosa. Desci minha mão de seu rosto.

- Acordei com você aconchegada a mim na colina. Ainda não tinha nascido o dia. Então a trouxe..- Cheguei perto de seu ouvido - e A coloquei na sua cama..

Ela corou. Me afastei memorizando aquela visão. Ela ria timidamente.

- Você acordou bem?

- Sim, dormi bem.

- Digo.. Você esta bem ? - Queria saber se foi tudo bem pra ela. Pelo Caldeirão. Eu nunca havia tocado uma virgem antes. Ela me olhou com os olhos cerrados.

- E por que eu não estaria... - Compreensão encheu seus olhos - Ah. Não exagera Eris. Eu estou bem. Bobagem isso.

- É só que..

- Não. - ela tocou meu braço - Não faça disso uma grande coisa por favor. Nem aja comigo como se eu fosse quebravel. Se não eu cato minhas coisas e vou embora.

- Desculpe. Eu..nao consigo evitar. Você desperta essa proteção sinistra em mim. Não quero te machucar... de nenhuma forma.

- Eu sei, e eu sei tambem que não vai, eu admiro isso em você. Mas não faz isso. Tudo bem ?

Eu assenti pra ela. Ia tentar.

- Então. O que faremos hoje ? - ela parecia animada.

- Bem. A tarde terá Caça. Você quer ir ?

- Caça ? Tipo, caçar animais ?

Eu ri de sua expressão.

- Sim, caçar animais.. a nao ser que esteja cogitando caçar Jacob.. - ela riu -  Você não gosta?

- Não.. na verdade nunca fiz isso. Minha mãe que domina esse esporte.. mas foi uma atividade que nunca me chamou atenção.

- Certo.. na verdade nem a minha. Mas, bem, é tradição aqui na semana do Sara. Toda carne cassada hoje, e dissecada e usada no grande banquete de amanhã na fogueira.

Ela terminou de comer, e limpou sua... linda e carnuda boca. Eu parecia um idiota olhando pra ela.

- Entendi. Mas se nós não formos..  então, faremos o que ?

Imaginei uma sessão de amassos bem longa no meu escritório..mas não ia dizer isso em voz alta.

- Bem, podemos cavalgar pelo bosque  de Outono. Creio que você vai gostar de lá.

- uhh. Então tudo bem. Vamos cavalgar.