OBA HISTÓRIA NOVA HEHEHEHE
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CAMILA
É assim: nos filmes românticos, sempre tem o encontro fofo.
É o momento em que o casal se encontra pela primeira vez, e é surpreendente, irônico, encantador ou qualquer bobagem dessas. Você sabe, aquela cena em que a protagonista feminina sarcástica e intimidadora acha que o novo advogado bonitão trabalha na limpeza. Ou quando a secretária bonitinha bate na traseira de uma BMW só para descobrir que é do seu novo chefe. Então, é claro, o amor verdadeiro nasce, e todo mundo esquece que a coisa toda foi deliberadamente arquitetada.
Mas isso aqui você não aprende nas aulas de introdução ao cinema: na vida real, o encontro fofo não é nem um pouco fofo. É muito mais constrangedor. Às vezes é do tipo "quero morrer". E quer saber outra coisa que a gente não aprende? Leva muito mais tempo do que esse breve momento para saber que a outra pessoa não passa de um gigantesco pé no saco.
Basicamente, o encontro fofo é uma grande ilusão criada pela terra da fantasia que é Hollywood. Só que às vezes... às vezes ele é real.
Minha mãe sempre me dizia que a gente não sabe quem realmente é até fazer trinta. Estou convencida de que isso é uma besteira.
Estou com vinte e um e já sei várias coisas sobre mim mesma.
O cheiro de rosas me deixa enjoada, fico pálida ao usar roupas verdes, não sei bater papo-furado e sou louca por filmes antigos. Ah, e odeio chegar atrasada. Mas deve haver alguma lei cósmica para que no primeiro dia de aula você não ouça o despertador, não encontre a mochila e o metrô demore muito para passar.
Não que eu precise me preocupar em chegar atrasada para a aula de roteiros de filmes clássicos, porque é só uma optativa. Mas, como eu disse, odeio me atrasar.
O lado bom é que faz três anos que estudo na Universidade de Nova York, então sei me virar no campus. Pelo menos não me perco enquanto estou meio correndo, meio andando rápido, com os peitos pulando a caminho da sala de aula.
Estou revirando minha mochila preta velha em busca de uma barrinha de cereal para substituir o café da manhã quando bato em um muro de... bem, pura gostosura, por falta de uma expressão melhor.
Nunca tinha virado a esquina e dado de cara com alguém, mas sempre pensei que acontecesse meio que em câmera lenta. Não é bem assim. É mais como um lampejo de surpresa, enquanto você bate os dentes de um jeito desconfortável, seguido de uma grande humilhação.
Não sei o que é pior: as minhas coisas estarem todas espalhadas pelo chão ou o fato de que estou boquiaberta diante do cara com quem acabei de trombar.
Ele é ridiculamente bonito, com cabelo curto, de um jeito meio bagunçado. Cabelo castanho-claro, queixo quadrado, olhos castanhos e ombros deliciosos... Não faz o meu tipo. Prefiro o estilo artista magrelo com olhos expressivos.
Mas, ainda assim, é um cara bonito, se você gosta dos altos e gostosos com cara pós-sexo.
Em vez de se desculpar, o cara solta um suspiro baixo, como se isso estivesse sendo inconveniente para ele, que não é nem o dono dos absorventes e cadernos espalhados pelo chão.